sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Reforma Militar Alemã



A Alemanha deu início a maior reforma de suas Forças Armadas desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de criar uma estrutura militar mais moderna, profissional - e barata. O processo é comandado pela jovem estrela da política alemã, o barão Karl-Theodor zu Gutenberg, atual ministro da Defesa do país. Acadêmico especializado em política internacional, casado com a bela bisneta do chanceler de ferro Otto von Bismarck, com menos de 40 anos e fã de rock, sua ascensão na vida pública foi chamada de "Woodstock para conservadores".

KT, como é conhecido, tem pela frente a tarefa de reduzir as Forças Armadas de 250 mil para 60 mil integrantes e substituir o serviço militar obrigatório pelo recrutamento voluntário. A questão mais complexa é responder à pergunta: qual a principal missão das Forças Armadas da Alemanha no mundo contemporâneo?

Quando o III Reich foi derrotado na Segunda Guerra Mundial, a idéia inicial dos Aliados era desarmar a Alemanha para sempre. Mas o projeto foi rapidamente abandonado com a eclosão da Guerra Fria. Subitamente, a Alemanha Ocidental se tornou a linha de frente do enfrentamento ao bloco soviético. Em poucos anos, até os eternos rivais franceses abandonaram a oposição ao rearmamento alemão e aceitaram o país como membro da aliança militar da OTAN e como um baluarte contra a URSS.

A reunificação alemã ocorreu simultaneamente ao aprofundamento da integração européia, com o Tratado de Maastricht, as negociações que resultaram no euro e a incorporação dos países da Europa Oriental ao bloco regional e à OTAN. Mas a estrutura das Forças Armadas pouco mudou. A Alemanha foi uma das maiores financiadoras da Guerra do Golfo, no Oriente Médio, e participou de missões de paz na ex-Iugoslávia e, de modo secundário, dos bombardeios da OTAN ao Kosovo.

No entanto, o rito de passagem foi a guerra que a aliança conduz no Afeganistão. KT, na realidade, ganhou destaque na opinião pública por chamá-la pelo nome, "guerra", já que a maioria dos políticos prefere eufemismos como "conflito", e tem sido bastante crítico à atuação da OTAN no país asiático. As preocupações alemãs são grandes: é a terceira maior fornecedora de tropas, atrás apenas dos EUA e do Reino Unido, e soldados da Alemanha tem morrido e matado no campo de batalha, com traumas como o bombardeio acidental a um comboio civil, há um ano. Sempre um tema delicado, dada a história germânica.

Ironias, a crise econômica da União Européia, e a intenção de cortar gastos públicos, parece que será um incentivo mais decisivo para reformar as Forças Armadas do que o colapso da URSS, os Talibãs afegãos e as demais mudanças no cenário estratégico internacional.

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