Irã e Argentina tem péssimas relações desde a década de 1990, quando houve dois atentados terroristas de grandes proporções em Buenos Aires, que detruíram a embaixada de Israel e a sede da AMIA, principal associação judaica do país – a Argentina tem a maior comunidade de judeus da América Latina. Investigações apontaram para o grupo libanês Hezbolá, com participação de autoridades iranianas – há mandados de prisão expedidos pela Interpol contra um ex-presidente e ex-ministros da República Islâmica, e contra o atual titular da pasta da Defesa, general Ahmed Vahidi.
As relações entre Irã e Brasil cresceram em importância no governo Lula, quando o mercado iraniano despontou como o 2º maior para as carnes brasileiras, atrás somente da Rússia. Brasil e Turquia tentaram mediar um acordo para maior supervisão internacional do programa nuclear iraniano. A iniciativa tinha falhas, mas era promissora. Foi, contudo, rejeitada pelos Estados Unidos, que lideraram a imposição de novas rodadas de sanções. Como argumenta o acadêmico iraniano Tita Parsi, exilado nos EUA: a diplomacia de Obama, que prometeu um “novo começo” com o Irã, falhou e os dois países continuam presos em impasses sem fim.
A presidente Dilma Rousseff tem se afastado do Irã. O Brasil passou a votar contra o país no Conselho de Direitos Humanos da ONU. As importações brasileiras do Irã caíram, embora as exportações tenham crescido 10%. Os bancos brasileiros têm se recusado a financiar operações no Irã, por temores de expansão das sanções contra o país, e pelo medo generalizado de nova guerra na região. Ahmadinejad entendeu o recado e desta vez excluiu o Brasil de seu itinerário latino-americano.
Há pouco que o Irã possa ganhar com os países visitados por seu presidente. Há parcerias significativas somente com a Venezuela (onde prevalecem indefinições quanto à saúde e o futuro de Hugo Chávez, que disputa reeleição em 2012) e projetos pontuais com as outras nações da viagem, em especial com o Equador.
A boa notícia para o Irã é que apesar das dificuldades, sua economia continua a crescer. Como se vê pelo gráfico acima, a chave são as exportações de petróleo para China, União Européia, Índia e Japão. Os chineses, seus maiores compradores, opõem-se à expansão das sanções para o setor petrolífero, de modo que esses instrumentos de pressão continuam a ser muito limitados no caso iraniano, voltados mais para instituições como a Guarda Revolucionária, do que para o país como um todo.
2 comentários:
Ótimo meu caro. Além disso há o interesse iraniano nas reservas de urânio da Venezuela. A CIA acredita na relação de Caracas com Teerã para esses fins utilizando empresas de fachada.
http://www.abc.es/20111212/internacional/abcp-iran-busca-uranio-venezuela-20111212.html
abração.
Helvécio.
Mmmm... história interessante. A ver.
abraços
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