quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O Discurso de Obama



Começou.

O discurso de posse de Obama consolidou as linhas políticas que o presidente seguiu na campanha - rejeição ao radicalismo ideológico, críticas à condução da economia, às guerras na Ásia, preocupação com a situação da educação e da saúde. Não foi uma peça de oratória inspirada, esteve apenas correta. A ânsia de encontrar um terreno comum entre as diversas correntes da sociedade o levou a se basear nos Pais Fundadores. Entendo o apelo emocional de se referia a Washington e Jefferson, mas me parece que os desafios que os Estados Unidos enfrentam atualmente tem poucos paralelos com o do nascimento da nação.

Gostaria que o discurso tivesse referências a Martin Luther King Jr e Franlin Roosevelt, e que colocasse em mais destaque a necessidade de diálogo e de paz, inclusive por parte do comportamento dos próprios americanos. Também me surpreendeu a ausência de citações a Linconl ou Kennedy, tão repetidamente mencionados por Obama em outras ocasiões.

O melhor trecho do discurso foi aquele em que o presidente conclamou os americanos a escolher "a melhor parte de sua história", e de fato muito de sua oratória está calcado em exemplos de situações difíceis nas quais os Estados Unidos demonstraram grande capacidade de reação e mudança. Contudo, Obama poderia ter dado mais destaque ao papel que os movimentos sociais e indíviduos contestadores tiveram nessa trajetória, em particular pela rejeição das injustiças que permeiam a sociedade americana. Afinal, é por causa de tais forças de transformação que Obama chegou à presidência.



No geral, o povo americano foi um espetáculo mais bonito e interessante do que o novo presidente. Realmente emocionante ver a alegria das pessoas, o entusiasmo com que milhões foram à capital, no frio congelante de janeiro. Desejo boa sorte a Obama, mas minha expectativa e esperança estão com os cidadãos comuns dos Estados Unidos. Oxalá a saída de Bush seja como retirar a tampa da panela de pressão e (re)desperte o engajamento cívico da população, depois da década mais medíocre da história contemporânea dos EUA.

2 comentários:

Patricio Iglesias disse...

Caro Maurício:
Comparto suas surpressas. Nenhuma mençäo à luta dos negros e à escravidäo. Tinha ouvido o comentário de que a Casa Branca foi construida por escravos e que seguramente falaria sob isso. Eu pensei que assim saria, mas nada. Falou muito da imigraçäo voluntária dos séculos XIX e XX (näo diretamente, mas isso deu entender falando dos que vinham pra trabalhar num pais novo) e näo da forçada. Creio que o Obama quiz mostrar que, mais do que o "presidente dos negros", é o presidente de todos os norteamericanos.
Boa sorte para sua gestäo!
Saludos!

Maurício Santoro disse...

Pois é, Patricio. Entendi que ele não quis entrar em confronto com os conservadores nos EUA, mas esperava mais da parte dele. Alguma referência ao lado mais sombrio da história americana deveria ter estado presente.

Abraços