segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Admirável Mundo Novo



Passei o fim de semana na Academia Militar das Agulhas Negras, dando a aula de encerramento da pós-graduação que a Universidade Candido Mendes montou em parceria com o Exército. Desta vez o tema dos debates foi economia política internacional, falei um pouco sobre a história das organizações multilaterais na área (FMI, Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio) e outro tanto sobre a conjuntura econômica atual e o tipo de política pública que os chamados grandes países emergentes têm adotado.

A imagem que mais impressionou aos alunos - uma mistura de oficiais do Exército com funcionários das indústrias automobilísticas sediadas no sul do estado do Rio de Janeiro - foi a que abre este post. Trata-se de um infográfico publicado pelo Wall Street Journal no fim de 2009, e que mostra de maneira clara a transformação ocorrida nas 25 maiores empresas globais ao longo da última década.

De 1999 para 2009, o topo da pirâmide econômica internacional registrou duas alterações significativas: a ascensão das empresas oriundas dos países emergentes (China, Brasil, Austrália) e o relativo declínio daquelas sediadas nas nações desenvolvidas (EUA, Reino Unido, Alemanha). Os alunos ficaram particularmente impressionados com a ausência de firmas francesas de ambas as listas. Além da mudança geográfica, o perfil das maiores empresas também mudou: diminuíram aquelas voltadas para a tecnologia da informação (reflexo do estouro da bolha da Nasdaq) e cresceram as que investem em energia e finanças.

Conversamos bastante sobre as diferentes estratégias adotadas pelos principais países, e as melhores discussões se concentraram nos esforços dos Tigres Asiáticos, com a criação de burocracias altamente qualificadas e a integração entre empresas, universidades e Estado na promoção do desenvolvimento econômico e da inovação tecnológica. Citei bastante o caso de São José dos Campos, mostrando a capacidade brasileira de criar pólos assim, e relatei exemplos internacionais de integração entre grandes e pequenas empresas, com auxílio governamental, visando à sua internacionalização.

O fim de semana foi de duas festas muito boas e extremamente significativas para mim. A primeira foi a confraternização na Academia Militar para comemorar o fim do curso, que marca já três anos do trabalho que realizo naquela instituição. A segunda foi uma festa para celebrar o primeiro aniversário do Centro de Estudos sobre Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas. O dinamismo da vida acadêmica no campo das RIs tem sido surpreendente, e a meu ver está vinculado à ascensão do Brasil como um ator mundial relevante. Mas também tem muito a ver com os excelentes colegas que estão construindo a área: jovens, ágeis, qualificados, entusiasmados. Fazer parte deste grupo é extremamente gratificante. Ah, sim: o bolo de morango também estava ótimo.

6 comentários:

João Marcelo Maia disse...

Bolo de morangos é pra fracos, bom mesmo estava o potinho de camarão...

"O" Anonimo disse...

O infográfico é interessante mas um pouco enganador, pois inclui apenas empresas de capital aberto.

Por exemplo, a companhia de petróleo da Arábia Saudita talvez valha até 100 vezes mais que a Petrobrás, mas não entra no gráfico porque é de capital fechado.

Se incluirmos as companhias de capital fechado, o quadro mostraria a Saudi Aramco como maior companhia do mundo, várias vezes mais valiosa que a maior companhia de capital aberto, tanto antes quanto depois.

Marcelo L. disse...

Prezado Mauricio,

Acredito que o ponto importante é ver que existe interesse para RI hoje.

Mas, esse ano parece-me que se for citar cada crise que está ocorrendo vais ter um prato cheio, afinal, Islandia, Espanha, Grécia, Israel, Irã, Turquia, Venezuela, EUA, Irlanda, Itália tem alguma crise seja financeira, militar, diplomática etc...
Por isso, boa sorte, afinal estamos em ano eleitoral...e as clientelas estarão ariscas.

Maurício Santoro disse...

Nobre João,

Não nos esqueçamos daqueles canapés fantásticos preparados pelo nosso chefe. Temos que combinar mais comemorações assim...

Salve, Marcelo.

Os PIGS europeus estão mesmo numa situação muito difícil, o que tenho lido a respeito é impressionante.... Ainda virão muitas tempestades por aí.

Abraços

Mário Machado disse...

Engraçado o título no dia que tirei o livro do fundo da estante para reler..

Maurício Santoro disse...

Só espero que as coisas não fiquem tão feias quanto no livro...

Abraços