quarta-feira, 14 de julho de 2010

Tetro



Assisti em DVD a “Tetro”, o novo filme de Francis Ford Coppola, que o veterano diretor apresentou no Festival de Cannes de 2009. É um trabalho magistral sobre as rivalidades e segredos dos Tetrocini, uma dinastia de músicos e escritores, numa história que atravessa os Estados Unidos e a Argentina. Impossível não pensar na saga familiar dos Corleone, da célebre triologia d´”O Poderoso Chefão”, e na própria história dos Coppola, repletos de cineastas, atores e músicos. O diretor afirmou sobre o filme que “nada é autobiográfico e tudo é verdadeiro”. Acredito.

O filme é ambientado na Argentina, entre Buenos Aires e a Patagônia. O cenário é essencial, porque engloba a ascendência italiana da família e o rico ambiente cultural de música, literatura e teatro no qual circulam os personagens. O enredo: um adolescente chega à cidade para visitar o irmão mais velho, que não vê há mais de 10 anos, e por quem é fascinado. Ambos são filhos de um maestro respeitadíssimo, uma celebridade musicial, mas que com freqüência é autoritário e manipulador. O primogênito é um escritor frustrado que tentou colocar no papel, sem sucesso, as frustrações na relação com o pai e as mágoas e segredos da dinastia. A chegada do caçula será o catalizador para que todos esses problemas latentes venham à tona, num processo doloroso e sofrido, mas também com grande potencial redentor.

Coppola já tem mais de 70 anos, mas filma com o entusiasmo de um estreante – e a segurança de um velho mestre. Ele declarou que “Tetro” é seu primeiro “filme de autor”, e de fato é apenas a terceira vez em que é também o autor do roteiro. Filmado em preto-e-branco, com flashbacks em cor, falado majoritariamente em espanhol, não é uma obra para grande circuito, mas é um presente e tanto para os fãs de Coppola. E de bom cinema, em geral.

O elenco é muito bom. No papel do primogênito está o ator Vincent Gallo, excelente. Sua namorada, uma psiquiatra que se apaixonou por ele ao atendê-lo no projeto da rádio “La Colifata”, é vivida pela musa do cinema espanhol, Maribel Verdú. O pai-patrão é Klaus Maria Brandauer (o astro de “Mefisto” e “Coronel Redl”, presença saudosa nas telas) e o irmão caçula, Alden Ehreinreich (parece Leonardo di Caprio no início da carreira). Em pequenos papéis, temos Carmem Maura, Leticia Bredice e Rodrigo de La Serna.

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