domingo, 4 de março de 2007
Horizontes
Estes primeiros dias de volta ao Brasil foram muito mais movimentados do que eu imaginava e apontam para novas perspectivas na minha vida profissional e acadêmica para 2007.
Começou com minha transferência no Ibase. A direção do instituto me colocou na equipe de um grande projeto de pesquisa que irá avaliar a situação dos jovens em 6 países da América do Sul - Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. É uma continuação de um projeto anterior que tratou do caso brasileiro e teve excelente repercussão. Fiquei muito feliz com a nova tarefa, não só pelo tema mas também porque o grupo reúne amigos queridos.
Por conta da nova responsabilidade, trabalhei no sábado. Veio ao Brasil a diretoria do instituto canadense que financia a pesquisa. Tivemos uma reunião pela manhã e expus as razões pelas quais é importante abordar a questão da juventude pelo marco do Mercosul - nos últimos 6 meses foram criados espaços institucionais para lidar com o tema dentro do bloco e a convergência de governos de centro-esquerda no continente cria uma ótima oportunidade para que os dados da pesquisa ajudem na formulação de políticas públicas.
A conversa com os canadenses foi muito boa e à tarde seguimos para a favela Santa Marta, onde todos batemos um papo com jovens que participaram da pesquisa anterior. Todos ficaram impressionados com a garra, energia e determinação desses rapazes e moças, que contaram histórias de racismo e discriminação, mas também de vitórias e esperanças - quase todos estão na universidade ou em grupos de teatro e dança, são muito ativos. Fiquei especialmente feliz por um rapaz que eu havia entrevistado há um ano e meio, ocasião em que me disse que sonhava ser jornalista. Pois bem, ele acaba de começar a faculdade. Conversamos sobre nossa profissão bonita e difícil e ele brincou que o próximo passo é estagiar comigo. Será muito bem-vindo.
Por coincidência, o Canadá também entrou na minha vida por outra porta. Irei para Montreal em setembro, dar uma palestra sobre direitos humanos no Mercosul no encontro da Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA). Minha proposta foi aprovada nesta semana e é possível que a organização custeie minha passagem e hospedagem, a resposta sai em maio. Em todo o caso, a LASA é o congresso mais importante do mundo na minha especialidade acadêmica. Estou eufórico!
Volto às aulas no doutorado em cerca de 10 dias. A prioridade é cursar o seminário de tese, ao fim do qual devo apresentar o capítulo teórico do meu trabalho. Além disso, espero fazer a matéria ministrada por meu orientador, que abordará o debate entre liberais e nacionalistas a respeito do desenvolvimento brasileiro. Promete.
Na foto, a cordilheira dos Andes próxima a fronteira da Argentina com o Chile. A montanha majestosa ao fundo é o Aconcágua, o ponto mais alto das Américas. Bom lugar para se olhar o horizonte de uma vida nova.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
É, mestre, todo fim marca um novo começo - e nem todo ciclo que se fecha é motivo pra tristeza. Boa sorte no novo ciclo que se inicia! :)
Não gostei do nome do novo blogue, mas fazer o que, né Maurício? O conteúdo continua excelente...
Boa sorte e conte comigo para buscar estágio para esse moço aí do Santa Marta!
O Ibase é uma das mnelhores instituições que a sociedade civil foi capaz de criar. Aguardo os resultados desse trabalho, torcendo por voc~es.
grande abraço!
Parabéns, Maurício! Fiquei muito feliz em conhecer seu novo logro.
Eu sim gostei do novo nome, e fiz contento saver que é em homenagem a um escretor argentino ;)
Abraços!
Meus caros,
estou bem contente com as novidades. Acho que quem chega de viagem quer mudanças, sacudir um pouco a poeira do cotidiano.
O novo nome do blog é uma homenagem a Julio Cortázar, meu autor argentino favorito. Trata-se de um conto dele que significa mais ou menos "a paixão é uma só, não importam suas manifestações".
Confesso que eu teria preferido "O Perseguidor", para homenagear o melhor conto do mestre, mas esse domínio já estava ocupado...
Abraços
Postar um comentário