segunda-feira, 5 de julho de 2010

Eleições no México



O principal partido de oposição, o PRI, foi o vencedor das eleições de domingo para os governos estaduais do México, numa disputa marcada pela violência e encarada como um plebiscito para a política de guerra às drogas do presidente Felipe Calderón. As estimativas iniciais são de que o PRI deve vencer em 9 dos 14 estados onde houve votações.

Contudo, o PRI sofreu três derrotas relevantes. Oaxaca, palco de uma sangrenta rebelião popular há quatros anos, e Puebla e Sinaloa, dois dos estados onde a guerra às drogas tem mais força.

A política de segurança pública lançada pelo presidente Calderón tem sido a do enfrentamentos entre autoridades – inclusive o Exército – e os traficantes, num saldo de cerca de 25 mil mortos desde 2006. Muitos líderes políticos, policiais, promotores e juízes foram assassinados ou seqüestrados. Na campanha aos governos estaduais, dois candidatos foram baleados.

O colapso da segurança no país se tornou uma questão complexa para suas relações com os Estados Unidos. O norte mexicano é uma das zonas mais violentas do país, com diversos crimes ligados ao tráfico, contrabando, migração ilegal etc. A situação é particularmente séria nas cidades de fronteira com o Texas e o Arizona.

À violência, se somam os problemas da crise econômica, que atingiu o México com bastante força, e mesmo o da falta de legitimidade de Calderón, que assumiu a presidência em meio a denúncias bastante sérias e verossímeis de fraude.

Por conta disso, as eleições de ontem são vistas como uma importante prévia para a disputa presidencial em 2012. O partido de Calderón, o PAN, governa o México desde 2000, quando sucedeu o longo e corrupto domínio de 70 anos do PRI. A disputa atual trouxe um alerta importante para o PAN: o partido só venceu nos estados em se coligou com a esquerda (PRD) para enfrentar os priistas.

Costurar uma aliança desse tipo para as eleições presidenciais será bastante difícil. O PAN é um partido extremamente conservador, e as feridas não-cicatrizadas das denúncias de fraude também pesam contra a aproximação com o PRD.

5 comentários:

Patricio Iglesias disse...

Meu caro:
Respeito à Oaxaca, tenho um amigo oaxaquenho, de família priísta, que reconhece que o governo de Ulises Ruiz Ortiz está totalmente desprestigiado desde a repressão de 2006, práticamente foi um longo governo no qual a população não veia a hora de saca-lo.
Creio difícil que o governo do PAN possa siguer em 2012. A vinculação tão estreita com os EUA golpeou a economia diante da crise e nos savemos muito bem que os que pagam são os que estão nesse momento no governo. E a esquerda, pelo que me dez outro amigo mexicano dissa orientação, depois de 2006 se dividiu. Tenho a impressão de que quem aproveitou o marasmo foi o PRI, que conta com uma estrutura (de tipo "punteril", segundo muitos) bem forte.
Abraços!

Patricio Iglesias

Maurício Santoro disse...

Caro,

a esquerda mexicana foi muito dividida para as eleições em que Calderón venceu, basicamente porque os movimentos sociais optaram por não apoiar o principal partido progressista, o PRD. Estou curioso para ver como eles poderão, eventualmente, se reorientar.

abraços

Anônimo disse...

salve, santoro,

esse post só me lembra o poeta octavio paz:
"pobre méxico, tão longe de deus, tão perto dos estados unidos".

abçs

carlos anselmo-fort-ce

Anônimo disse...

salve, santoro,

esse post só me lembra o poeta octavio paz:
"pobre méxico, tão longe de deus, tão perto dos estados unidos".

abçs

carlos anselmo-fort-ce

Maurício Santoro disse...

E cade vez mais lejos, meu caro Carlos...

abraços