terça-feira, 17 de junho de 2008

A Outra Bolena



A Outra” (The Other Boleyn Girl) poderia ter sido um grande filme sobre paixões intensas numa época em que a fronteira entre sentimentos privados e assuntos de Estado era pouco clara. Falta fôlego ao roteiro para isso, mas ainda assim a história da relação das irmãs Ana e Maria Bolena com o rei da Inglaterra, Henrique VIII, vale a matinê.

Ana, claro, é a mais conhecida das duas. A narrativa de como seduziu Henrique VIII e o levou a se divorciar da rainha Catarina, rompendo com a Igreja Católica, inspirou vários artistas, bem como as desventuras de seu curto reinado de mil dias. A nova versão coloca em primeiro plano sua irmã caçula, Maria, que também foi amante do monarca e teve um filho com ele. As duas são interpretadas, respectivamente, por Natalie Portman e Scarlett Joahnsson, com Eric Bana como o rei.

O trio está aquém da tarefa e às vezes o filme passa perigosamente perto de um programa de TV de disputas familiares, só que com figurino espetacular. Aqui e ali, aparecem questões de fundo interessantes. Henrique VIII foi o segundo monarca da dinastia Tudor, que encerrou longo ciclo de guerras civis na Inglaterra. Seu maior temor era o retorno da violência entre seus súditos, e para isso ele precisava de um herdeiro masculino, legítimo, que o substituísse. Sua esposa já entrara na menopausa e não havia conseguido.

O soberano reinava num período conturbado, em que o Estado absolutista estava em pleno processo de consolidação e a Inglaterra enfrentava rivais mais poderosos, como França e Espanha, temerosa dos conflitos religiosos que dilaceravam o continente. Casamentos reais eram assuntos de Estado, claro, mas a escolha de uma amante também impactavam politicamente, porque representavam a ascensão de grupos familiares, distribuição de favores e a escolha de determinados rumos diplomáticos. Ana Bolena, por exemplo, foi bastante influente nas relações entre Inglaterra e França , embora isso não apareça no filme.

O ponto forte de “A Outra” é a descrição da sociedade de Corte, onde tudo depende da proximidade do rei e os sentimentos pessoais são moeda de troca nas intrigas em busca de poder e privilégio. Maria é contraposta a Ana como a representante de um modo de vida mais simples, nostálgico da paz rural. Sua irmã mais velha e mais famosa é retratada como bastante à vontade nos conflitos do Palácio.

Um comentário:

Igor Visconti disse...

Discordo. Achei um filmaço e só o rei poderia ser um pouco mais convincente. Natalie Portman e a atriz q faz sua mãe estão fantásticas, assim como o pai fraco.