quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Eleições na Venezuela
Chávez venceu as eleições regionais da Venezuela, realizadas no domingo, ganhando 17 dos 22 estados. Contudo, a oposição triplicou seus ganhos e levou as áreas mais ricas e populosas do país, como as cidades de Caracas e o complexo petrolífero em Zulia e a zona industrial de Carabobo. Os resultados também mostraram as fissuras no chavismo e apontaram para a possibilidade da renovação do sistema partidário venezuelano. Tudo isso no contexto da queda dos preços do petróleo, cujo barril agora está um pouco abaixo dos US$50.
O desempenho mais expressivo por parte da oposição veio do partido Primero Justicia, que surgiu como uma ONG que prestava assistência jurídica em áreas pobres da Venezuela. O PJ foi muito bem na região metropolitana de Caracas, inclusive no complexo de favelas de Petare. O partido vai governar quase metade da população do país.
Chávez reuniu seus seguidores no Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV), mas houve conflitos significativos entre a militância de base e a elite do chavismo. Em Barinas, estado natal do presidente, o partido optou por um candidato que desagradou o mandatário. Ele o substituiu por seu irmão mais velho, que venceu as eleições e sucedeu o pai de Chávez no governo estadual. O presidente também optou por ampliar o diretório nacional do PSUV, de modo a nomear pessoas mais de sua confiança do que os que foram escolhidos pela militância. Tensões semelhantes ocorreram nas relações entre o chefe de Estado e os conselhos populares de bairro que criou em seu governo. Já existe até um partido formado por ex-chavistas, o Podemos.
Governo e oposição procuraram interpretar os resultados eleitorais como uma espécie de plebiscito sobre Chávez, em particular sobre a possibilidade de estender o mandato do presidente, em mais uma reeleição. Tenho minhas dúvidas se essa é a melhor maneira de ler as disputas regionais na Venezuela. Me parece que foram mais importantes os problemas cotidianos, como o aumento da criminalidade e as condições de vida na áreas pobres. São pessoas que valorizam as políticas sociais introduzidas por Chávez, mas que podem estar insatisfeita com sua gestão, em busca de melhorias e inovações.
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2 comentários:
Mauricio, mais apesar de tudo, Chaves conseguiu que seu novo partido aumenta-se o número de votos em contraste com o plebiscito que lhe negou mais um mandato.
Agora que Chaves ou sua continuação parecem ser uma realidade, fico pensando como a oposição brasileira que tem um discurso de confronto com as políticas dos países vizinhos (fora Colômbia e Chile) vai conseguir equilibrar-se, é possível que nos isolaremos dos nossos vizinhos, já que o discurso fora do governo é bem imperialista.
Com o aprofundamento da crise parece-me que a tendência da região se o Brasil diminuir sua influência, é a Venezuela (caso o Petroleo melhore as cotações) ter uma hegemônia por bons anos...isso vai ser triste para muito gente que trabalhou duro para integração sul-americana.
Sim, Marcelo, mas o PSUV cresceu nas regiões periféricas da Venezuela, e teve derrotas importantes nas áreas estratégicas, inclusive nas favelas de Caracas.
Com a crise econômica mundial, a tendência é que os países que dependem primordialmente da exportação de commodities sejam os mais prejudicados, como Venezuela, Equador, Peru...
Abraços
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