sexta-feira, 20 de março de 2009

A Europa Frente à Crise



A maior parte das discussões sobre a crise mundial tem se concentrado nos Estados Unidos, até pelas expectativas com relação ao governo Obama. No entanto, é na Europa que a turbulência econômica global tem batido com mais força. Paul Krugman ressaltou recentemente sua preocupação com "um continente à deriva", criticando a lentidão e a fragilidade dos esforços das autoridades em lidar com o aumento no desemprego e a queda no PIB.

Nesta semana a França foi tomada por greve geral que mobilizou algo entre 1 e 3 milhões de pessoas, dependendo das estimativas. Foi uma das maiores manifestações da história recente do país e paralisou não só cidades grandes como Paris, Bordeaux e Marselha, mas também municípios de médio porte, a tal "França Profunda" sempre evocada pelos políticos. O presidente Sarkozy tem sido muito criticado, inclusive pelos seus correligionários. Eleito com um discurso que prometia reformas liberais e a modernização do Estado, o marido de Carla Bruni agora se vê às voltas com demandas para reforçar os mecanismos de proteção social estatal, em meio a uma recessão assustadora, a pior desde a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial.

Do outro lado do Canal da Mancha podem não haver manifestações gigantescas, mas a situação também preocupa, com o crescimento acelerado das taxas de desemprego no Reino Unido. Pior do que isso, elas sobem em todo o país, e não apenas em regiões específicas - por exemplo, no Norte industrial que passou por crise séria na década de 1980. Como todos sabemos, a proteção social britânica segue um padrão liberal, menos abragente do que o modelo francês - mas ambos foram atingidos em cheio pela turbulência econômica.

5 comentários:

carlos disse...

caro santoro,

geralmente, quando a frança inicia um movimento sócio-político a velha europa treme. desta feita, atingiu o interior do país.

será que organizações de imigrantes participaram das manifestações? se afirmativo, a coisa é bem maior do que a gente pensa.

abçs

Maurício Santoro disse...

Salve, Carlos.

Não sei se houve participação expressiva das organizações de imigrantes. É possível, visto que eles são os que mais têm a perder com a crise, seja pelo emprego, seja pelo aumento da xenofobia.

Abraços

Patricio Iglesias disse...

Caro Maurício:
É muito interessante o que você diz de que as maiores expectativas estäo nos EUA. Uma coisa que me chamou muito a atençäo é que até faz um ano o "centro" da economia parecia estar no Japäo, a UE, China, India, etc. com umos EUA que pareciam cada vez mais relegados mas agora, na "hora da verdade", uma crise nos EUA afecta todo o mundo e todos estäo vendo que va acontecer lá e näo vem de outros lugares a soluçäo (aunque isso está mal, claro).
Saludos!

Maurício Santoro disse...

Pois é, Patricio... Mas não sei até que ponto a solução realmente virá dos EUA. Eventualmente, o pacote de estímulo ao consumo lançado pela China terá um impacto tão grande ou maior do que as mudanças na regulação da economia americana.

Abraços

SAM disse...

Na Europa, respondendo ao comentário do Carlos, a maior parte dos imigrantes são de esquerda (exceção para Sarkozy e outros tantos como ele). E é justamente a esquerda que promove esse género de manifestações. Vi nos noticiários que imigrantes africanos e portugueses estavam presentes nas manifs em França, mas daí às associações e organizações formais, não sei...

A consequência da imigração, na prática é benéfica. Espanha precisa de imigrantes qualificados, Portugal usa os estrangeiros para desenvolvimento de mão-de-obra, e toda a Europa rejuvenesce (etaria e financeiramente) com a existência da classe migrante, mas há sempre aquele pessoal que não entende e que culpabiliza um bode expiatório e nunca assume responsabilidades ou sequer tenta agir para ajudar o bem comum. Fazer o que?

Com esse panorama de desemprego pela Europa, o engraçado é que ainda há amigos meus me perguntando porque é que eu quero sair daqui...

Falando nisso, Maurício, lhe enviei um email há dias, mas voltou. Estou zarpando para aí em breve e seria um prazer poder trocar umas ideias pessoalmente!

Um abraço,
sam