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Nesta quinta entrou em vigor nos EUA a nova e controversa lei de imigração do estado do Arizona. Contudo, ontem um tribunal federal determinou que ela será aplicada sem seus artigos mais polêmicos, em especial aqueles relacionados à repressão policial. A batalha judicial promete ser longa, amarga, arrastar-se até a Suprema Corte e galvanizar a oposição dos conservadores ao presidente Barack Obama nas eleições legislativas de novembro.
O objetivo da lei de imigração do Arizona é criar mecanismos mais eficazes para identificar e deportar imigrantes ilegais, que passam a ser considerados como criminosos. O ponto mais explosivo é a autorização da polícia para exigir documentos migratórios, algo que os estrangeiros que vivem no estado acreditam que irá levar a um surto de xenofobia e racismo oficial. A Igreja Católica a chamou de “nazista”.
O Arizona faz fronteira com o México e os latino-americanos são os principais grupos de estrangeiros no estado. O medo da lei tem levado a problemas econômicos consideráveis, inclusive migrações internas, com alguns imigrantes trocando o Arizona por outros estados, e negócios que dependem dos latino-americanos perdendo clientes. As relações com o México também se deterioraram, em especial porque a crise da segurança pública naquele país impactou negativamente no Arizona.
Obama criticou a lei desde o início, afirmando que ela contraria os valores dos Estados Unidos. Mas para enfrentar o furor anti-imigração, respondeu aumentando o número de deportações, que alcançou espantosos 400 mil por ano - mais do que George W. Bush. O Partido Republicano apoiou fortemente a lei e a pressão levou até moderados como John McCain a mudar de posição e passar a defendê-la. A ministra da Segurança Interna de Obama havia sido governadora do Arizona e vetado legislação semelhante, de modo que a nova lei mostra a direção para a qual os ventos sopram.