segunda-feira, 28 de março de 2011
Líbia: as divisões na coalizão
A primeira semana da guerra contra a Líbia foi marcada pelos impasses políticos na coalizão liderada por EUA, França e Reino Unido. A tensão mais significativa foi a decisão da Alemanha – maior e mais rico país da União Européia – em retirar suas tropas do Mediterrâneo, para que não se envolvam nos ataques. A OTAN, aliança militar ocidental, assumiu o controle das operações militares, a partir de uma sólida redes de bases na região (imagem acima) e a coalizão conseguiu a participação simbólica de alguns aviões de países árabes (Catar e Emirados Árabes) bem como apoio logístico da Turquia, Jordânia e outras nações muçulmanas. É um esforço para descaracterizar os ataques como uma “cruzada” cristã contra um Estado islâmico.
O cerne da discórdia é a discrepância entre o que a resolução do Conselho de Segurança autoriza (uso da força militar para proteger civis) e o modo como a guerra tem sido conduzida, com bombardeios contra grandes cidades, como Tripoli, destruição de infraestrutura e ações voltadas para derrubar o regime de Kadafi, o que não está previsto no documento aprovado pela ONU. Na prática, o objetivo é debilitar o ditador ao ponto de que ele seja derrotado pelos rebeldes, reununcie, seja deposto por um golpe ou aceite negociar sua saída do poder.
Kadafi tem poucos amigos, mas todos temem o que pode acontecer na Líbia caso a ditadura caia. O mais provável seria um ciclo violento e instável de acerto de contas entre as diversas tribos, num cenário que pode levar à guerra civil ou à anarquia, como ocorreu em anos recentes em países da África e do Oriente Médio com estrutura social semelhante, como Somália e Iêmen. Caso isso ocorra, seria necessária uma força de paz em terra, para executar a dificílima missão de estabilizar a Líbia ou ao menos impor limites à violência.
O debate internacional dividiu-se rapidamente. Os países desenvolvidos evocam a doutrina da responsabilidade em proteger para justificar a guerra na Líbia como uma intervenção humanitária. As nações em desenvolvimento, sobretudo na África, pedem pelo fim das hostilidades. A Liga Árabe havia criticado os bombardeios, depois voltou atrás. As potências emergentes procuram se colocar como mediadoras e embaixadores dos BRICs se reuniram com Kadaffi para tentar criar um diálogo com a oposição.
No campo militar, os rebeldes avançaram bastante, sobretudo no fim de semana e recuperaram as cidades que haviam perdido. A rapidez de sua marcha mostra que as tropas leais a Kadafi estão desertando ou recuando para Tripoli, abandonando muitas posições sem luta.
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