quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Paradoxo da Globalização



O economista turco Dani Rodrki, professor em Harvard, é um dos expoentes da economia política internacional e seus livros são fundamentais nos debates sobre o “novo desenvolvimentismo” que são tão importantes para o Brasil. Seu lançamento mais recente “The Globalization Paradox: democracy and the future of the world economy” argumenta que a época contemporânea é marcada pelo trilema entre globalização, democracia e o Estado-Nação (abaixo, na comparação com o trilema clássico de Bretton Woods, de mobilidade de capital x estabilidade cambial x autonomia monetária). Podemos ter dois deles, mas não os três ao mesmo tempo, afirma Rodrik, que defende a solução de impor restrições à integração econômica global para fortalecer as democracias nacionais.



Rodrik é cético quanto aos benefícios da liberalização financeira, observando a multiplicação de crises nesse setor, não apenas entre países frágeis, como o México, mas também em nações que se inseriram se maneira exitosa no capitalismo global, como os tigres asiáticos, e mais recentemente, os próprios EUA e União Européia. Ele frisa que China e Índia, que controlam de modo mais rigoroso o fluxo de capitais, lidam melhor com as turbulências internacionais e têm mais autonomia na definição de suas taxas de juros e de câmbio.

Quanto à liberalização do comércio, Rodrik defende que ela traz muitos benefícios, mas que não deve ser completa e que diversas condições têm que estar presentes para que seja exitosa. Ele sintetiza de maneira bastante didática os debates históricos tradicionais, das controvérsias entre liberais e mercantilistas e da construção do sistema de Bretton Woods após a Segunda Guerra Mundial. Rodrik é admirador das soluções pensadas pelo economista britânico John Maynard Keynes, como o regime de câmbios fixos que norteou o comércio internacional de 1944 até as crises da década de 1970.



A liberalização moderada promovida naquele momento surge como o modelo para Rodrik, em grande medida porque evita as tensões sociais decorrentes do livre comércio e da liberalização finaceira (que o autor chama de “hiperglobalização”) porque permite ao Estado maior autonomia para mitigar os impactos dos segmentos econômicos que perdem diante da abertura. Para ele, os conflitos resultantes do empobrecimento de tais setores com frequência anulam para a sociedade os ganhos de eficiência obtidos com o livre comércio.

A aposta de Rodrik é sair do trilema usando a globalização limitada para fortalecer a democracia e a capacidade do Estado em implementar políticas públicas. Ele rejeita a tese de Thomas Friedman de que a abertura econômica global é uma “camisa de força dourada”, na qual os mercados forçariam os governos a comportar-se de maneira racional e eficiente. Não há soluções rápidas, fáceis e automáticas para os grandes problemas sociais (à la Consenso de Washington), afirma Rodrik, e é melhor agir por um longo processo de experimentação, tentativa e erro, respaldado por instituições democráticas e transparência. Organizações internacionais devem atuar como sinais de trânsito no diálogo entre Estados e não buscar substituir suas funções.

2 comentários:

Luiz Rodrigues disse...

Para sair do trilema só atuando nas instituições. Algo como o mastro está para Ulisses!

Maurício Santoro disse...

Ha ha ha!

Saudades da ENAP... Mas falta você me explicar o que são instituições e políticas públicas. :=)

abraços