segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Os Vários Capitalismos do Século XXI
Por Bruno Borges
Doutor em Ciência Política - professor da PUC-Rio
Blogueiro Convidado e Editor do blog Os Capitalismos
Os últimos anos não têm sido fáceis para quem tenta compreender o sistema econômico mundial. A perplexidade diante de acontecimentos de enorme proporção tem deixado analistas e cidadãos sem saber exatamente como reagir a consequências que não imaginavam ser possíveis há apenas alguns anos atrás. O Euro à beira de um colapso? Os Estados Unidos sendo rebaixado por seus próprios bancos? Bancos globais falindo? Crescimento da China ininterrupto por trinta anos?
Desde que se consolidou, o capitalismo é um sistema de extremos e foi visto com tal por inúmeros pensadores: gerador de extrema riqueza e, ao mesmo tempo, extrema pobreza. Ao mesmo tempo uma força absolutamente libertadora e criativa, enquanto, igualmente, é capaz de forçar todos a conformar-se a sua lógica. Condenado ao fracasso várias vezes, sempre se recuperou, alterando suas formas. Alguns proclamaram que a expansão do capitalismo traria a paz entre os povos. Outros tinham certeza de que era o motivo das guerras em grande escala.
E, no entanto, o capitalismo sobrevive e se movimenta, mais rápido do que nunca. No século que completa uma década, a tarefa é ainda compreendê-lo. É também cada vez mais claro que não pode ser apenas pensado como modelo único, como monólito. Suas variedades ajudam a explicar diversas facetas de nossas vidas, desde padrões de educação às normas jurídicas de uma sociedade. Sua relação com o Estado – como auxílio ou empecilho, mas sempre presente – também precisa ser destacada. As consequências de suas falhas têm nos afetado diretamente tanto como consumidores, quanto contribuintes e trabalhadores. O resultado de uma depressão global pode ainda ter efeitos devastadores sobre nossas vidas.
Graças ao capitalismo, milhões de pessoas foram recentemente integradas à economia global, podendo se alimentar melhor e ganhar uma educação formal, pela primeira vez em gerações. Os dois países mais populosos do mundo, China e Índia, têm crescido nas últimas décadas em um ritmo assombroso. Mas algumas questões permanecem: será esse capitalismo comparável ao capitalismo “tradicional”, ensinado em livros-texto de Economia? E será que padrões de crescimento (e de consumo) crescentes são sustentáveis ecologicamente a médio e longo prazo? É possível conciliar democracia com a crescente globalização? E o que podemos esperar da nova ordem global que está se formando com a reorganização da produção e consumo?
É preciso, portanto, fazer um balanço do capitalismo no século XXI. Essas questões serão exploradas em curso de quatro aulas que darei na Casa do Saber (Rio de Janeiro)durante o mês de novembro, às terças-feiras, das 20hs às 22hs. Ficarei feliz de contar com a presença de todos aqueles que quiserem discutir esses assuntos comigo.
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