quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sic Transit Gloria Mundi


I met a traveller from an antique land
Who said: "Two vast and trunkless legs of stone
Stand in the desert.




Near them on the sand,
Half sunk, a shattered visage lies, whose frown
And wrinkled lip and sneer of cold command
Tell that its sculptor well those passions read




Which yet survive, stamped on these lifeless things,
The hand that mocked them and the heart that fed.



And on the pedestal these words appear:
`My name is Ozymandias, King of Kings:
Look on my works, ye mighty, and despair



Nothing beside remains. Round the decay
Of that colossal wreck, boundless and bare,



The lone and level sands stretch far away".

P.B. Shelley (1792-1822)

Minha análise da morte de Kadafi e as perspectivas para a transição líbia estão em minha entrevista ao portal Terra.

11 comentários:

Marcelo L. disse...

Prezado Maurício,

Concordo contigo, mas ainda preferia os beneficios que você coloca a longo prazo.

Abs.

Maurício Santoro disse...

Salve, Marcelo.

Também penso que seria melhor. Mais difícil, talvez, mas melhor.

abraços

Karin Nery disse...

Olá,Maurício!

Perfeita a sua análise!

Abraços

Karin

Marc Jaguar disse...

Salve Maurício, Amigo e Mestre!

concordo que o desaparecimento de Kadafi tende a facilitar o processo de transição de poder na Líbia, porém, a forma como esse vácuo será preenchido ainda me deixa com dúvidas no tocante ao perfil que poderá ser construído para o novo governo.
Uma democracia plena? Creio ser difícil que tal fato se concretize, tendo em vista as múltiplas matizes que compõe as forças que o depuseram.
Se tomarmos como base o modo como o próprio ex-ditador líbio foi capturado e sumariamente excutado, não consigo vislumbrar um presságio positivo nas demais etapas do processo.
A partir do momento em que seus captores decidiram eliminá-lo sem antes submetê-lo a um julgamento, tal fato já os iguala ao próprio Kadafi, que dedicava o mesmo tipo de tratamento aos seus adversários.
No Iraque, que teve Saddam Husseim aprisionado pelas forças americanas, houve um processo criminal contra o mesmo, que culminou com sua condenação à morte. Cumpriu-se o rito legal. Na Líbia, o que houve foi pura demonstração de selvageria, falta de comando, exposição, vilipêndio e humilhação de um prisioneiro, independentemente de quão detestável fosse ou o que representava.
Um ato como esse e quem o apóia diminui-nos a todos como seres humanos.
Desculpe a digressão, caro Maurício.
Concluindo, dentro desse contexto que aparenta ainda ter muito de contrastes nas forças que depuseram Muamar Kadafi, prefiro aguardar os futuros desdobramentos na Líbia antes de celebrar a vitória da democracia.

Um forte abraço!

Gonçalez

Maurício Santoro disse...

Salve, meus caros.

Pois é, Gonçalez, tudo indica que os rebeldes assassinaram Kadafi após sua captura. É um contraste grande com o Egito, onde o general Mubarak foi preso e agora começa a ser julgado.

Os dois regimes foram muito violentos, mas me parece que Kadafi assinou a sentença de morte ao deflagrar a guerra civil. Havia muito ódio no ar e uma história de violência e rixas tribais que não existe no Egito e na Tunísia.

Meu medo agora é que todos esses grupos que se armaram na Líbia - milícias, patrulhas de vizinhos, rebeldes etc - comecem a disputar o poder no nível local, de bairros ou cidades, e que isso dificulte muito a transição para um regime democrático.

abraços

Marcelo L. disse...

Prezado Mauricio,

Acredito que muito também além da guerra civil foi que o Gaddafi foi para a cidade "ao lado" de Misratah, as brigadas que cercavam eram daquela cidade tão castigada, não há hoje menor sentimento de compaixão lá pela figura do antigo tirano depois de mais de 4 meses de bombardeios, estupros, e assassinados perpetuados pelo falecido.

Essa questão das brigadas serem na maioria dos casos de membros da mesma cidade pode explicar, afinal se fosse uma Bengazi pode ser que o CNT tivesse algum controle para impedir, no caso Misratah não, eles são hoje muito orgulhosos de terem resistido e consideram a justiça divina o Gaddafi ter sido morto pelas mão deles, a festa lá foi imensa.

Eu posso preferir e achar correto que ele ter ido a julgamento, mas vindo que mundo não é perfeito, acho que talvez pedimos demais de alguém que ficou tanto fogo vendo seus parentes serem mortos terem um comportamento diferente, acho que além da guerra civil ao ter escapado de Tripoli, Gaddafi nunca deveria ter ficado ao alcance das brigadas de Misaratah.

Marcelo L. disse...

Ele (Gaddafi) na verdade cavou o túmulo ao ir a Sirte sem chances de vitória, os combatentes só o enterraram.

Abs,

Marcelo L.

Maurício Santoro disse...

Salve, Marcelo.

Com certeza, a questão local pesou muito. Mas acho que isso teria acontecido em quase qualquer cidade da Cirenaica, a região toda foi muito atingida na guerra.

abraços

Marc Jaguar disse...

Prezado Amigo Maurício

Em que pese o ódio, o ressentimento e o desejo de vingança presentes nas milícias líbias que combatiam Khadafi, o modo como ele o o filho foram sumariamente executados só lança um véu de maior incerteza quanto à retomada do processo de reorganização social e política na Líbia.
Considero que, moralmente pior que a ação dos milicianos líbios em assassinar Khadafi e seu filho, foram as manifestações de líderes de governos como dos EUA e Inglaterra, que saudaram a morte de Khadafi, como ela tendo sido uma decorrência normal do conflito. Não foi! Nesse particular a presidente Dilma Russef foi muito mais sábia e demonstrou muito mais equilíbrio em suas declarações sobre o fato.
David Cameron e Barack Obama foram, simplemente, indecorosos em suas declarações.
Nem uma só palavra foi dita em relação à forma como Khadafi foi aprisionado, teve sua imagem cruelmente exposta e executado extrajudicialmente.
Para coroar a barbárie, ainda parecem dar crédito à versão boquirrota elaborada pelos porta-vozes líbios de que o ex-ditador teria sido morto durante uma troca de tiros.
Num relance dá para se pensar que o Ocidente passou a justificar atos de barbárie com mais rapidez do que o Oriente passou a apreciar a democracia.
Finalizando, e eis um tema que creio, daria um bom debate na FGV...hehe....acredito que a Primavera Árabe faz mais sentido a nós, ocidentais, do que aos próprios árabes.

Um abraço, meu caro.

Gonçalez

Anônimo disse...

Ao meu ver a morte não só é prejudicial no longo prazo mas também no curto prazo. E os direitos humanos? Como dizia o filósofo Jean-Paul Sartre "A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota"

Rafaela Araujo

Maurício Santoro disse...

Salve, Gonçalez.

Uma das contradições mais fortes de toda a intervenção na Líbia é que ela foi liderada por chefes de governo que até há poucos meses atrás eram muito próximos a Kadafi, em especial na França, Itália e Reino Unido. Por isso é bom sempre termos certa cautela diante das "intervenções humanitárias", que muitas vezes são apenas acertos de contas entre ex-sócios.

Nesta semana eu estive num ótimo seminário sobre Primavera Árabe na Casa de Rui Barbosa, todo ele com pesquisadores brasileiros que viveram no Oriente Médio e falam os idiomas locais. Foi sensacional e achei o nível do debate mais alto do que o da maioria da imprensa americana.

Cara Rafaela,

Acredito que há situações em que a violência é necessária, mas isso deve ser sempre o último recurso, e ser usado com prudência. Nunca se sabe como as guerras terminam e as consequências são imprevisíveis.

abraços