segunda-feira, 4 de junho de 2012

A Rússia Após a União Soviética

No dia 13, Eduardo Achilles Mello e eu começaremos a lecionar na Casa do Saber do Rio de Janeiro o curso “Rússia Após a União Soviética”. Em dezembro passado completaram-se 20 anos do fim da URSS, me maio aos maiores protestos políticos russos desde a queda do regime comunista. Esse será nosso ponto de partida para uma avaliação do que aconteceu no país nessas duas décadas.

Serão quatro aulas, abordando a transição para a economia de mercado, a ascensão de Vladmir Putin e do Estado rentista-petrolífero, as conturbadas relações com as potências ocidentais e o difícil acerto de contas com a memória histórica da Revolução de 1917 e os altos e baixos do movimento pró-democracia.

Já existe boa leva de livros sobre a Rússia pós-soviética, inclusive por autores brasileiros. A narrativa habitual é mais ou menos a seguinte: após os anos caóticos do colapso da URSS, Putin emergiu como o líder capaz de estabilizar o país, amparado pela aliança com o aparato de segurança da polícia secreta e nas rendas petrolíferas do boom dos hidrocarbonetos da década de 2000. Ele afastou os grandes empresários pós-privatização da política, assumiu o controle da mídia (sobretudo da TV) e centralizou o Estado, passando a nomear ocupantes de cargos como os governadores estaduais.

A Rússia passou a ser considerada uma potência emergente, uma integrante dos BRICS, mas essa classificação é bastante controversa. Ela pode muito bem ser vista como uma superpotência que caiu de nível, e que tem procurado manter os últimos resquícios de sua antiga e enorme área de influência – Cáucaso (duas guerras na Chechênia, uma na Geórgia), Síria, Ásia Central, e os jogos de poder com a OTAN e a União Européia nos países bálticos e na Ucrânia.

5 comentários:

Carlos Fedrigo | Psicólogo disse...

"...a ascensão de Vladmir Putin e do Estado rentista-petrolífero"
Ver:
A Era dos Assassinos — A Nova KGB e o Fenômeno Vladímir Putin (Ed. Record, Yuri Felshtinsky e Vladímir Pribilovski).

Unknown disse...

Ola a todos. PEsse post nao poderia vir em momento melhor. Estou no aeroporto de moscow, concluindo meus 6 meses de intercambio na Russia.

Sumarizando e resumindo muito da minha estada aqui, a impressao que ficou, pelo menos para mmim, e de que a russia e uma economia e uma sociedade emergente e, de certa fforma, com um ego de super potencia.

Vendo de perto os protestos anti-putin e as proprias eleicoes, da para notar que esse pais e uma autocracia mascarada de democracia. O nepotismo e pesado e esta em quase todos os niveis. Para ilustrar, procurem sobre a historia da Yukos oil.

Preciso ir, mas vou acompanhar os proximos posts e juntar dados para ajudar nos meus comentarios!

Abs!

Maurício Santoro disse...

Salve, Carlos.

Li o livro, ele consta da bilbiografia do curso.

Excelente, Fabio. Acabo de ler a nova biografia de Putin e é assutador o processo de fechamento político da Rússia. Escreva sobre suas experiências, será ótimo ter mais visões brasileiras da Rússia!

abraços

Bruno disse...

Salve, Maurício.

Quando se fala na relação entre produção de petróleo, riqueza e poder, um autor bem citado é Daniel Yergin. Em resumo, ele conta que a produção de óleo era muito importante para a Rússia ainda na década de 80, e que a riqueza advinda dele teria inclusive permitido a sobrevida do Estado soviético. De fato, em 1986 a produção de petróleo na Rússia era maior do que hoje (e a produção hoje é maior que a de 10 anos atrás).
De fato, a Rússia estava bem posicionada para aproveitar o aumento no preço do petróleo causado pelo aumento do consumo na Ásia em geral e China em particular. Não vou me aventurar a falar sobre política, mas outro presidente de um país democrático e exportador de petróleo, situado na América Latina, também se mantém no poder há bastante tempo.

Anônimo disse...

A verdade é que a Rússia e todos os restantes paises dos BRICS têm uma politica económica assente na planificação (uns mais do que outros - o Brasil dá os primeiros passos) e isso aponta para uma segurança muito grande aliada ao facto de serem precursores de um capitalismo de tipo novo com forte propensão para o social e isso incomoda a muita gente que vê os seus previlégios ameaçados.
José Bários