quarta-feira, 9 de julho de 2008
A Cúpula do G-8
Nesta semana o G-8 esteve reunido no Japão para discutir os grandes problemas mundiais, como o aquecimento global e a situação da África. Respondendo às críticas que afirmam que a organização não serve para nada, os líderes internacionais plantaram árvores. O sucesso da iniciativa já estimulou o G-8 a fazer planos ambiciosos: escrever um livro na cúpula de 2009 e ter um filho na de 2010. Falta apenas solucionar problemas técnicos, como alfabetizar Berlusconi.
O G-8 em geral é descrito pela imprensa como a reunião dos chefes de governo dos países mais industrializados do mundo, acompanhados pelo presidente russo. Talvez a definição funcionasse no passado, mas hoje em dia está claro que EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Canadá, Itália e Rússia são pouco representativos das principais tendências globais. Como discutir, por exemplo, os rumos da economia mundial sem incluir também China e Índia? Aliás, que sentido existe em usar a expressão “mais industrializados” para se referir a países cujas atividades dependem atualmente sobretudo dos serviços?
Evidentemente, o G-8 sabe disso e tem feito esforços para ampliar um pouco (muito pouco) a representatividade de seus debates. Nesta cúpula houve a participação de sete países africanos, numa tentativa fracassada de lidar com a crise no Zimbábue, limitando-se à velha e ineficiente fórmula de buscar sanções econômicas na ONU contra o governo de Robert Mugabe.
O mais significativo foi a proposta de Sarkozy de ampliar o G-8 e incorporar “potências emergentes”: China e Índia, claro, mas também África do Sul, Brasil e México. Embora a proposta encontre muitas resistências, esses países participaram de um dia da cúpula, para discutir aquecimento global, em conjunto com Austrália, Indonésia e Coréia do Sul.
Esse foi o principal assunto do G-8. Avançou-se algo, mas aquém do necessário, com os EUA concordando em reduzir em 50% as emissões de carbono, ainda que só em 2050, e sem definir metas intermediárias. Houve divergências entre os países ricos e aqueles em desenvolvimento envolvendo esse tema – os emergentes sequer assinaram o acordo – e em assuntos como a crise de alimentos e a produção de biocombustíveis.
O mundo mudou muito desde os tempos em que conferências diplomáticas de impacto global podiam se limitar à presença de meia dúzia de potências européias. Com problemas que exigem a coordenação em escala planetária é preciso que os fórum decisórios sejam abrangentes ao ponto de representar todas as regiões. Se o G-8 quiser ser algo mais do que um clube de golfe, necessita rever seus critérios de admissão e aceitar em caráter permanente membros do mundo em desenvolvimento.
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8 comentários:
that's really cute..wish i had one too.
Caro Maurício:
Como podia ser, aparte de muito bom? Eu tampouco gosto muito da idéia do G8; é puro elitismo. Todos os paises, ainda os mais pequenos, tem direito participar no curso da política internacional.
Ah, esqueciu na lista à Gran Bretanha! Eu também, quando tento enumera-los, sempre deixo algumo afora.
Saludos!
Só um comentário: No título do blog diz "(Ciëncia) Política", com o diérese, talvez resábio de quando estiva em Bs.As. e näo tinha no teclado todos os acentos (especular é meu vício, parece que ainda näo aprendi do "Mr."!!!). Estou muito corrector hoje, já me va contratar Bill Gates pelo Word!!! JAJAJAJA
Abraços!!!
Só um comentário: No título do blog diz "(Ciëncia) Política", com o diérese, talvez resábio de quando estiva em Bs.As. e näo tinha no teclado todos os acentos (especular é meu vício, parece que ainda näo aprendi do "Mr."!!!). Estou muito corrector hoje, já me va contratar Bill Gates pelo Word!!! JAJAJAJA
Abraços!!!
Ontem à noite quando lia a primeira frase pensei que só falta o filho e o livro, mas você conseguiu ser bem mais eloquente na sátira!
Achei ridículo, apesar de conseguir entender o simbolismo. Mas, acho que medidas mais concretas teriam sido bem mais pertinentes que plantar uma árvore. E, cá para mim, acho que eles também o sabem...
Quanto à própria existência do G7+1, já ninguém sabe o que é... Poucos são os que lembram que são os 7 mais industrializados mais a Rússia, simplesmente se fala nos 8 mais ricos (o que não é verdade) ou mais poderosos do mundo (o que é questionável). Entretanto, desde que Lula foi eleito, ele e mais uns tantos têm sido convidados para essas cimeiras (incluídos nelas ou em paralelas) no chamado G5.
Quando era pequeno pensava que se um país se tornasse mais industrializado que um dos que lá estavam seria que ele entraria no círculo e o 7º sairia? Ou mesmo, qual é a honra de se ser industrializado? Acho que isso está a tocar o inconsciente desse grupo de "auto-eleitos" países e está a fazê-los ponderar novas estratégias.
Porque a Itália está no grupo, quando a sua influência é tão reduta, mas a Austrália não está, por exemplo? Porque países pobres mas industrializados lá estão, mas ricos e pouco desenvolvidos não? Essas perguntas são pertinentes e, claro está, fazem com que essa minoria de líderes, países e população mundial não tenha qualquer autoridade internacional.
Aliás, deixo aqui uma pergunta. O G7 (+Rússia) (+G5) tem qualquer existência política ou deliberativa aos olhos do direito internacional?
É que a sua existência é abtrusa, pois sendo pequena nada representa, aumentando, daqui a nada será G200-e-qualquer-coisa se afirmando como uma ONU II?
É interessante que eles se reúnam em cimeiras informais, mas até que ponto será válida a existência desses grupinhos conhecidos como G's?
Salve, Patricio.
Suas correções são muito mais eficientes do que as do Word. É verdade, esqueci do Reino Unido da lista, mas já acrescentei o país. Quanto ao acento circunflexo na descrição do blog, só não entrou antes por distração.
Olá, Sam.
Até onde sei o G-8 não tem personalidade jurídica internacional, isto é, não é uma organização com capacidade de assinar tratados e pode no máximo emitir declarações conjuntas, sem força de lei.
A idéia - para lá de ambiciosa - é que o G-8 pudesse funcionar como uma espécie de diretório global, mas isso simplesmente não é mais possível hoje em dia. O tipo de grupo informal que existe na OMC, reunido conforme o tema em discussão, me parece muito mais viável.
Gostei da questão que você coloca sobre o ranking. De fato, qual a razão para a permanência da Itála? Mesmo na Europa, um país como a Espanha teria bastante legitimidade para questionar o lugar, inclusive porque sua renda per capita já é maior do que a italiana...
Abraços
Hahahaha! Muito bom, Maurício!
Aliás, espero que não tenham um filho. Já pensou? Será que o mundo sobreviveria? 8o)
Tenho que visitar seu blog mais vezes. Sagaz, profundo, atento, crítico e inteligente, como não poderia deixar de ser.
Grande abraço!
Salve, meu caro.
De fato, a possibilidade de um híbrido entre Bush e Berlusconi é algo que faz qualquer um temer pelo futuro da humanidade, mas sempre resta a esperança de que, de repente, apareça algo interessante entre Alemanha e Canadá, quem sabe?
abraços
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