quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Benjamin Button


"É preciso muito tempo para se tornar jovem"
Pablo Picasso

Começaram a chegar aos cinemas brasileiros os filmes que disputam o Oscar 2009, e nos últimos dias vi alguns deles, incluindo o campeão de indicações "O Curioso Caso de Benjamin Button". A fábula sobre um homem que nasce velho e vai se tornando jovem aos poucos é um trabalho bastante atípico no currículo do diretor David Fincher (de "Seven", "Clube da Luta" e "Zodíaco"). Ele fez uma bela obra, mas que se apega aos clichês hollywoodianos quando poderia ter sido uma reflexão bem mais crítica sobre a obsessão com a juventude.

Button é interpretado por Brad Pitt, que se contém na atuação e evita ousadias. Seu personagem é um sujeito simples, um pouco como Forrest Gump, que é abandonado ao nascer e criado pela governanta de um asilo de velhos. Passa seus primeiros anos em meio a pessoas idosas, acreditando ser uma delas. À medida que vai se tornando jovem, desperta nele a paixão pelo mar, e ele roda mundo embarcado num navio rebocador, no qual participa da Segunda Guerra Mundial. Volta para casa a tempo de viver um grande amor com a amiga de infância, vivida por Cate Blanchett, e o auge de sua forma física coincide com a explosão juvenil do fim da década de 1950 e início dos anos 60.

À primeira vista, Button parece livre dos problemas relativos ao envelhecimento, e poderia desfrutar das benesses da juventude quando já tivesse acumulado experiência de vida. Mas isso só acontece num primeiro olhar. Quando os anos passam, Button começa a se tornar uma criança do ponto de vista biológico, ficando em grande descompasso com relação às pessoas que ama. No limite, suas incapacidades físicas vão se parecendo muito àquelas de uma pessoa muito idosa, criando problemas semelhantes para se locomover e falar. Toda juventude é passageira, mesmo quando se fica mais jovem com o tempo.

Como era de se esperar num filme desse tipo, o trabalho de maquiagem é sensacional. Não apenas no sentido de mostrar Brad Pitt e Cate Blanchett mais velhos - algo que o cinema faz à exaustão - e mais pela impressionante capacidade de mostrar Pitt como mais jovem, usando roupas e penteados para dar a impressão de que ele voltou a ser um adolescente.

2 comentários:

Anônimo disse...

O filme é excelente!
No primeiro momento achei que você esta sendo meio preconceituoso em relação à atuação do Brad Pitt !! rs ...Mas realmente o personagem exigia mais principalmente quando ele fica jovem e tendo tanta experiência . De fato ele não foi ousado. Lembra a atuação dele em “Encontro Marcado” entre outras, sempre falta alguma coisa...
O filme nos mostra, de forma concreta, que não daria para ter uma mentalidade desproporcional a aparência. Acho que o filme de fato desconstroi aquela famosa frase que nossos pais falam " Se eu tivesse o corpinho de 20 anos com a experiência de 50!.. " (rs) E reafirma outra “Tão jovem com pensamento idoso” (rs). Não dá certo.

Abs Isa.

Maurício Santoro disse...

Oi, Isabella.

Gostei do filme - mas não muito. Ele usa uma série de truques para emocionar o espectador, e acho que faltaram interpretações mais substantivas, tanto por parte de Pitt quando por Cate Blanchett.

Abraços