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Em março a Coréia do Norte afundou uma corveta da Coréia do Sul e matou 46 marinheiros. O episódio rende um dos piores confrontos entre os dois Estados no qual a península foi dividida em 1945. Embora o risco de guerra seja pequeno, o aumento das tensões na região têm impacto bastante negativo para a economia global, num momento em que não faltam turbulências por conta da crise européia e dos conflitos com o Irã.
O regime político norte-coreano é provavelmente o mais fechado do mundo e há diversas teorias que tentam explicar a decisão de afundar o navio de guerra da Coréia do Sul. A maioria dos analistas acredita que o ataque foi motivado por conflitos internos no governo comunista, sobretudo a necessidade do presidente Kim Jong-Il se afirmar como apóstolo do nacionalismo diante de sua linha dura, preparar o terreno para ser sucedido por seu filho, Kim Jong-eun e oferecer uma crise internacional para desviar a atenção dos problemas econômicos do país.
A economia norte-coreana entrou em colapso na década de 1990, com o fim dos subsídios soviéticos. A falência da agricultura local resultou em fome em massa que só encontra comparações nos piores momentos dos regimes de Mao e Stálin. A estimativa é que talvez um milhão de pessoas tenham morrido. Para sobreviver, a população recorre aos mercados informais, inclusive muito contrabando.
A situação vinha preocupando o governo, que implementou há alguns meses uma reforma monetária que forçou as pessoas a abandonarem o dinheiro antigo e substituírem por uma nova moeda. Contudo, a quantia autorizada a ser trocada era pequena, um modo de as autoridades tentarem controlar o mercado informal. O resultado foi uma onda de descontentamento e protestos de rua – raríssimos no país.
A Coréia do Norte desenvolveu uma curiosa política externa, que basicamente consiste em levar as ameaças até próximo do ponto de ruptura, e depois recuar em troca de concessões econômicas do Ocidente. Até agora, tem funcionado.
No dia 15 de junho, Brasil e Coréia de Norte se enfrentam na Copa do Mundo. Pyongyang não perde por esperar: além da disputa no futebol, terá que enfrentar os missionários evangélicos brasileiros, que elegeram os comunistas como alvo preferencial de sua pregação religiosa.