sábado, 14 de abril de 2007
Notas sobre um Escândalo
Grande filme na praça, e que corre o risco de passar desapercebido: "Notas sobre um Escândalo". Dirigido por Richard Eyre e estrelado por duas feras, dame Judi Dench e Cate Blanchett. O roteiro trabalha a partir do tipo de situação "inspirada em fato reais": uma professora de artes tem um caso um aluno adolescente e a história vaza para a imprensa sensacionalista, arruinando a vida dos envolvidos. Desse fiapo de enredo, sai uma trama espetacular, balizada pelo desempenho das duas atrizes.
Sheba Hart, a personagem de Blanchett, é a jovem professora de artes numa escola da periferia londrina. Os alunos, como observa sua idosa colega Barbara (Judi Dench) serão os futuros encanadores, operários e eventuais terroristas da sociedade britânica. O ambiente do colégio é ninguém-dá-muita-bola-para-nada. A direção tem uma postura politicamente correta na qual todos fingem acreditar.
Menos Barbara. Solitária e amarga, ela descarrega suas frustrações num diário, até que vê em Sheba a possibilidade de uma amiga que lhe dê companhia na velhice. Ela acompanha enciumada o frisson que a jovem e bela colega desperta nos professores e alunos, mas acabam se tornando íntimas e Sheba lhe faz confidente de suas muitas decepções com a família: a péssima relação com a mãe, um filho deficiente, um marido muito mais velho.
O envolvimento de Sheba com um de seus alunos é apenas o estopim que detona o barril de pólvora e faz vir à tona todos os ressentimentos, mesquinharias e raivas latentes, tanto na escola quanto na família de Sheba e na rotina de Barbara. Incrível como o filme constrói o clima de suspense: pela atuação das duas protagonistas, por vários pequenos detalhes no roteiro, pela trilha sonora, etc. Trabalho primoroso.
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4 comentários:
Fala Mauricio,
Porque é sempre a professora de artes ou língua estrangéira? Nunca a de matemática, química ou física.
Agora, se a minha professora de artes tivesse sido a Cate Blanchett eu ia arriscar a sorte com ela com certeza.
Mas não, tive aulas de artes com Rosa - que não era nenhuma Cate Blanchett - em uma turma que tinha a Mary Help (ela traduziu seu próprio nome para o inglês). Foram ótimas aulas, mas não dava para tentar a sorte com ninguém.
Bons atores ainda salvam roteiros superficiais... Eu acredito!
Meu caro Leandro,
eu me lembro de um filme alemão algo obscuro ("Uma Cidade Sem Passado") em que o professor sedutor ensinava física. E temos, claro, "Uma Mente Brilhante", mas o sujeito não é exatamente o rei da cocada.
Arte sempre soa melhor, não é?
Mestre Glauco,
os atores são excelentes mas o roteiro também é muito bom. Nada com o bom e velho artesanato do qual o cinema inglês é capaz tantas vezes. Só o sotaque da Judi Dench já vale o ingresso.
Abraços
Não vi o filme no cinema quando passou por aqui, mas li o livro, que foi um dos finalistas do man Booker Prize há alguns anos atrás. Mucho bom!
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