quarta-feira, 20 de junho de 2007

Senador Palpatine critica projeto de reforma política



BRASÍLIA (20 JUN) - O Congresso brasileiro, que Deus o proteja, começou a discutir um projeto de reforma política. A idéia é debater mudanças nas leis eleitorais e de organização partidária. A proposta provocou críticas ferrenhas de movimentos sociais e de alguns parlamentares, como o senador Palpatine (Democratas – Piauí) que acusam-na de concentrar poder nas lideranças dos partidos e diminuir a influência dos eleitores (essas pessoas necessárias, mas desagradáveis).

“Quem diz organização, diz poder, e todo o poder é conservador”, afirmou o senador, citando o cientista político alemão Robert Michels, que leu quando cursava a pós-graduação no IUPERJ: “A necessidade de organização da luta política acaba levando à formação de aparatos burocráticos e organizacionais que concentram poder. E quem está por cima cria mecanismos para se fortalecer e resistir àqueles que querem ocupar seu lugar”, refletiu o parlamentar.


O Brasil utiliza um sistema de lista aberta. O eleitor vota no candidato de sua preferência, e se preferir pode indicar apenas o partido, coisa que raramente acontece. É uma política bastante personalista, que dá pouca importância às idéias e ao programa de cada sigla, e muita ao carisma e à fama dos candidatos. Como cada estado brasileiro escolhe entre 8 e 70 deputados, na realidade nesse formato faz os membros do mesmo partido disputarem votos entre si. “Salve-se quem puder”, disse Palpatine, “Eu mesmo não sei se teria sido eleito, não fosse o apoio de cabos eleitorais como Jabba the Hutt, que me ajudou muito em Tatooine e Piracuruca”.

A proposta em debate no Congresso é mudar para um sistema de lista fechada, no qual o eleitor vota no partido. Cada sigla apresenta uma lista de candidatos, e aqueles situados no topo dela são os primeiros a serem eleitos. A maneira pela qual essa ordem de preferência é determinada pode ser estabelecida de muitos modos. O projeto brasileiro prevê que os líderes partidários definam a questão. E vai além, garantindo aos atuais detentores de mandatos parlamentares o pertencimento na lista da próxima eleição.

“Mandei o Anakin discutir a questão com o Dirceu e o Bornhausen, mas ele ficou meio chocado com o centralismo democrático dos dois. Ninguém sugeriu, por exemplo, que os eleitores pudessem dar seus palpites através de primárias, como aquelas que escolhem os candidatos nos EUA. Em outros sistemas, como no célebre modelo misto alemão, o eleitor tem dois votos, um dos quais não passa pela lista partidária”, lembrou Palpatine.

O senador declarou que está confiante que o Congresso resolva logo a reforma política: “Temos coisas mais importantes para discutir. Vou propor ao meu amigo Renan Calheiros a construção de uma mega-usina no rio Amazonas, para incluir nas obras do PAC. Chamei-a de ´Estrela do Norte´ e posso garantir que será mais barata e terá menos efeitos nocivos do que o projeto do governo no rio Madeira”, jurou Palpatine.

2 comentários:

Geraldo Zahran disse...

Boa, muito boa mesmo. Agora você se superou.
Tirando a fanfarra em Brasília, algum motivo especial para a analogia? Andou revendo os filmes recentemente?
Grande abraço,

Maurício Santoro disse...

Geraldo, meu caro.

Nós estávamos discutindo a reforma política no IUPERJ e me bateu uma crise profunda: para que serve a ciência política no país da piada pronta?

Aguarde que vem mais por aí. Os próximos serão Mangabeira Unger, Marta Suplicy e, quem sabe, o senador cabeludo do Conselho de Ética.

Abraços