sexta-feira, 19 de setembro de 2008
A República Bolivariana de Wall Street
Os Estados Unidos são tão dedicados à intervenção estatal na economia que têm a palavra “Estado” em seu próprio nome. Se sua elite política de fato tivesse compromisso com o laisser-faire, o país se chamaria “Mercados Unidos”. Com fúria de fazer inveja a tenente-coronel venezuelano, os bolivarianos de Wall Street tomaram diversas medidas para aprofundar a nacionalização econômica e tentar deter a crise.
A revolução atravessou o Atlântico, e o Financial Times, o Pravda da nova ordem, assim descreveu os eventos recentes: “a maior expansão em tempos de paz do papel do governo no sistema financeiro, desde a Grande Depressão, no que pareceu a muitos marcar o fim da era de desregulação Reaganita”.
A semana teve baixas pesadas: a falência do Lehman Brothers, a compra apressada da Merrill Linch pelo Bank of America (para evitar colpaso semelhante), a intervenção estatal na seguradora AIG, e grandes quedas nas bolsas mundiais. Isso no contexto das recentes crises envolvendo Bear Sterns, Fannie Mae e Freddie Mac.
Em seguida veio a reação: as iniciativas coordenadas dos principais bancos centrais do planeta, as restrições da Securities and Exchange Commission às operações de short-selling e o anúncio pelo governo dos EUA de um ainda vago pacote de centenas de bilhões de dólares para purgar o sistema financeiro do país de seus ativos tóxicos.
Os mercados mais relevantes do mundo responderam com altas de 8% a 10% nesta sexta, em muitos casos batendo os recordes de elevação para um só dia - acima, o comportamento da Bolsa de Nova York ao longo desta semana. Na hora do perigo, todo mundo gosta do braço forte e da mão amiga (e bastante visível, ao contrário daquela do Adam Smith) do Estado.
Aguardemos os próximos lances da emocionante contenda. Quanto a mim, acho que não falta muito para George W. Bush começar a citar Bolívar. Populista texano de uma figa, nunca me enganou!
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7 comentários:
Não Santoro, você não entendeu nada. Quando mercado perde socorro, você deve esquecer o que se passou antes, evitar qualquer comentário sobre a inconcist~encia dos chavões libverais que legitimaram o caminho para o desastre e louvar a intervenção estatal que evitou um "risco sistêmico". Leia o Sardenberg, o Mailson da Nóbrega, que v. vai ver como fazer isso. (-;
No dia em que essa gente entender que a má distribuição de renda, os cortes mal focados no orçamento fiscal e o desemprego também são riscos sitêmicos que comprometem o futuro de um país, o mundo será muito diferente.
É verdade... O problema é que sei da gravidade da crise, mas não consigo evitar um humor particularmente felz quando leio as notícias de Wall Street. É meu ressentimento de terceiro-mundista. Aliás, gostei muito de você puxando a orelha do Banco Mundial no Valor desta segunda. Vamos mostrar a eles. :-)
Abraços
Caro Maurício:
Eu tive uma professora na ensino médio que sempre dizia algo assim: "Estados Unidos e Inglaterra, ¿Cómo se dearrollaron? Como PROTECCIONISTAS. Liberales... ¡Para los giles! ¿Cuándo divulgaron el evangelio liberal? ¡Cuando ya no tenían competencia!".
JEJEJE
Saludos
Patricio Iglesias
Caro Maurício:
Eu tive uma professora na ensino médio que sempre dizia algo assim: "Estados Unidos e Inglaterra, ¿Cómo se dearrollaron? Como PROTECCIONISTAS. Liberales... ¡Para los giles! ¿Cuándo divulgaron el evangelio liberal? ¡Cuando ya no tenían competencia!".
JEJEJE
Saludos
Patricio Iglesias
Caro Maurício:
Eu tive uma professora na ensino médio que sempre dizia algo assim: "Estados Unidos e Inglaterra, ¿Cómo se dearrollaron? Como PROTECCIONISTAS. Liberales... ¡Para los giles! ¿Cuándo divulgaron el evangelio liberal? ¡Cuando ya no tenían competencia!".
JEJEJE
Saludos
Patricio Iglesias
Perdäo... a repetiçäo foi sem quer. :(
Estimado Patricio,
a mensagem é tão importante que justifica a repetição! :-)
Abraços
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