sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Cúpula da Unasul



O presidente colombiano, Álvaro Uribe, optou por não comparecer à cúpula da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), realizada em Quito no dia 10. Temia se tornar o saco de pancadas dos países bolivarianos, em razão do anúncio da expansão das bases dos Estados Unidos na Colômbia. Governos moderados, como os do Brasil e Chile, agiram para amenizar as tensões e evitar declarações contrárias a Uribe. O presidente Lula sugeriu uma reunião da Unasul com os EUA, para conversar sobre os problemas da região.

A BBC em espanhol publicou um interessante balanço da cúpula, no qual afirma que todos os países do continente saíram perdendo. Chávez deu sua habitual declaração bombástica, desta vez falando em “ventos de guerra” que sopram pela América do Sul. Mais concretamente, anunciou medidas para substituir importações da Colômbia, privilegiando a Argentina. No entanto, há dúvidas se elas serão implementadas, a imprensa colombiana noticiou que Chávez estaria em entendimentos com o partido de esquerda Pólo Democrático para não prejudicar o país.

E na Argentina, a análise de Rosendo Fraga é precisa em explicar por que o pacto militar entre Colômbia e Estados Unidos foi negociado neste momento:

El Comando Sur con sede en Miami que alcanza a toda América Latina enfrenta dos problemas simultáneos: tener que abandonar el 1 de septiembre la base de Manta que viene utilizando en Ecuador, y no poder usar la de Sotocano que tiene en Honduras. Esta última es la más grande con que cuenta en América Latina con una dotación de 800 hombres. Ambas situaciones al mismo tiempo han dado importancia al uso de las bases colombianas, que le evitan a su vez a los EEUU la demora y la inversión de construir nuevas bases desde cero.




Os Estados Unidos levaram a sério as preocupações brasileiras. A relação bilateral está num excelente momento e além disso há o interesse americano na licitação que irá renovar a Força Aérea Brasileira. A Boeing é uma das finalistas, mas há insatisfação com a pouca disposição para transferência de tecnologia. O garoto propaganda que veio vender o projeto é ninguém menos que o general James Jones, o Conselheiro de Segurança Nacional de Obama.

A presença militar americana na Amazônia será sempre um tema sensível para o Estado brasileiro, ainda que muitos (sobretudo nas Forças Armadas) possam considerá-la um mal necessário diante da atuação das FARCs e dos gestos de Chávez com relação à guerrilha.

A cúpula da Unasul marcou também a passagem do comando da instituição para o presidente do Equador, Rafael Correa. Difícil imaginar uma gestão construtiva na aproximação com a Colômbia. A conjuntura provavelmente exigirá ações mais decisivas por parte do Brasil, mas a política externa brasileira tem evitado o envolvimento no conflito colombiano, fora intervenções pontuais para mediar crises ou negociar a libertação de reféns.

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