sexta-feira, 2 de abril de 2010
Os Homens Que Encaravam Cabras
Fazia tempo que não via um filme tão original quanto "Os Homens que Encaravam Cabras". Uma sátira aos novos modos de se travar a guerra, e um olhar afetuoso e nostálgo à contracultura das décadas de 1960 e 1970, mesmo no improvável ambiente das Forças Especiais do Exército. O mais bizarro é que boa parte das situações do enredo ocorreram realmente, sendo apenas levemente modificadas para o cinema. Um trabalho esperto e ágil do cineasta Grant Heslov, roteirista do também ótimo "Boa Noite e Boa Sorte."
O roteiro, excelente, mistura dois eixos narrativos. No primeiro, um jovem repórter, Bob Wilton, (Ewan McGregor) é abandonado pela esposa, e resolve provar seu valor indo cobrir a guerra do Iraque. Ele acaba esbarrando no soldado Lyn (George Clooney) que havia pertencido a uma unidade secreta do Exército, que visava à criação do que ele chamava de "guerrereiros jedis", com poderes paranormais. O jornalista se junta ao militar, que ruma para uma missão clandestina no interior iraquiano, e à medida que viajam, Lyn conta sua história.
Lyn havia sido recrutado pelo excêntrico coronel Django (Jeff Bridges, que rouba o filme numa atuação maravilhosa). Após ser ferido no Vietnã, Django entrou numa crise existencial e passou anos vagando pelos cultos e tendências mais radicais da contracultura. Mas decidiu voltar às Forças Armadas e criar uma unidade especial, o "Exército da Nova Terra", para aplicar suas técnicas recém-descobertas à prevenção de conflitos e à construção de uma cultura de paz.
Misturando esoterismo, cultura pop (há muitas e divertidíssimas citações de Star Wars, inclusive pela escalação de Ewan "Obi-Wan Kenobi" McGregor) e paranóia da Guerra Fria, a unidade atrai uma série de recrutas, dos quais Lyn é o mais brilhante, e começa a fazer um certo sucesso com seus métodos heterodoxos. Mas a inveja de um soldado menos talentoso, Larry (Kevin Spacey), leva o projeto à derrocada.
Quanto mais se infiltram no caos do Iraque, Bob e Lyn encontram mercenários, sequestradores, tortura, e os empreiteiros que lucram na onda de terceirizações e privatizações da guerra. Aos poucos, os dois fios do enredo se mesclam, com aplicações surpreendentes do que Lyn chama de "o lado negro" de suas antigas atividades no Exército da Nova Terra.
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