quarta-feira, 31 de março de 2010
Ditadores Contemporâneos, o Livro
Em janeiro e fevereiro lecionei na Casa do Saber um curso sobre Ditadores Contemporâneos, conforme comentei por aqui. Logo depois, ministrei uma versão ampliada na Fundação Getúlio Vargas. Agora, a convite do meu chefe na FGV, transformo meus apontamentos em um livro, que será publicado no segundo semestre na coleção de bolso da Fundação.
Comecei a trabalhar nele há uma semana e descobri que escrever é, sobretudo, (re)ler. São vários detalhes que preciso checar, datas e nomes da história política dos países sobre os quais disserto, dados a respeito das economias locais e até citações poéticas de algum artista que se opõe ao ditador de plantão. Meu ritmo tem andado bastante rápido, de modo que espero cumprir meu prazo e enviar os originais para a editora da FGV em junho.
O foco do livro – e dos dois cursos – é analisar a persistência dos regimes autoritários após a Guerra Fria. Examinar por que a “terceira onda de democratização” não foi tão longe como se poderia esperar, e na realidade recuou em países-chave, como a Rússia. Cheguei a algumas conclusões.
A primeira: o nacionalismo se tornou a principal ideologia que busca legitimar as ditaduras. Isso vale até para regimes que continuam a pagar tributo ao marxismo, como China e Cuba. A idéia é que a nação está cercada de inimigos traiçoeiros – os EUA, as potências ocidentais, os terroristas islâmicos, os separatistas, o que seja – e que a mão forte autoritária é necessária para manter a integridade do território e o desenvolvimento.
Segunda: a religião desempenha papéis muito diferenciados, e pode servir tanto como esteio quanto como oposição aos ditadores contemporâneos. Na Rússia e no Irã, os clérigos estão de modo geral vinculados ao projeto de identidade nacional autoritária. Em Cuba e no Zimbábue, a religião é um elemento importante para aglutinar a oposição. E há países como a China nos quais movimentos espirtuais são encarados com profundas desconfianças pelo Estado – os budistas no Tibete, os muçulmanos em Xinjiang, mas até a autoajuda da Nova Era, como a da Falun Gong.
Outro ponto é que a gestão da economia também é bastante diversificada. China, Rússia e Vietnã conseguiram alto índice de crescimento sob regimes autoritários. Coréia do Norte e Zimbábue foram fiascos totais, à beira do colapso. Irã e Cuba ocupam um meio termo, com algumas reformas bem-sucedidas e muito descontentamento social resultante da persistência de deficiências estruturais.
Um caso à parte são as ditaduras do petróleo, que se beneficiaram da alta absurda do preço dessa commodity. Dedicarei um capítulo somente para elas, cruzando as teorias sobre “maldição dos recursos naturais” com alguns estudos de caso, como as advertências que Celso Furtado escreveu para a Venezuela das décadas de 1950/1970, e que continuam a se aplicar diante das políticas de Hugo Chávez.
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10 comentários:
Caro Mauricio,
Tive a felicidade e a sorte de ser o monitor desse curso na Casa do Saber, agora terei a sorte de ver o curso transformado em livro. Com certeza comprarei o meu exemplar e, se o tempo permitir, estar no lançamento do livro na FGV.
Que bom! Pela reação das pessoas, já tenho ao menos dois exemplares vendidos! :-)
Vou ver se acresento uns vampiros no enredo, para tentar aumentar as vendas!
Abraços
Já estou na fila para comprar!
Sou sua fã nº 0.
: )
Oba! Obrigado, Rafa. Nesse ritmo, esgoto a primeira edição.
Mas só por preocupação, vou incluir o tal capítulo sobre vampiros na lua minguante.
beijos
Opa, o livro será muito bem recebido. O tema me interessa bastante!
Bons trabalhos, Mauricio.
Em pouco tempo, os clamores serão para que este blog tansforme-se num livro ;-)
Caros,
Acho que vocês notarão que MUITO do livro foi publicado primeiro por aqui....
Abraços
Opa também to na fila para a compra do texto.
Ah mas eu quero o com vampiros adolescentes ...
Mmmm.... acho que vou pedir à editora para imprimir uma tiragem extra.
Abraços
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