quarta-feira, 9 de junho de 2010
O Escritor Fantasma
O cineasta polonês Roman Polanski está preso por ter estuprado uma adolescente na década de 1970. Sua história de vida trágica incluiu a perda de sua ex-esposa (então grávida do primeiro filho do casal), a atriz Sharon Tate, que foi assassinada por um psicopata. É incrível que Polanski tenha o mínimo de equilíbrio emocional necessário para dirigir um filme e quase inacreditável que ele o faça com extraordinária competência. Seu último lançamento, “O Escritor Fantasma”, mistura política, espionagem, direitos humanos e política internacional.
O protagonista é um homem cujo nome nunca é dito, interpretado por Ewan McGregor. Ele trabalha como ghost writer para celebridades – seu último caso foi a autobiografia de um mágico – e acaba sendo designado para escrever as memórias de Adam Lang (Pierce Brosnan), um carismático ex-primeiro-ministro britânico. O redator anterior apareceu morto em circunstâncias misteriosas e a conjuntura é dramática: Lang está sob investigação do Tribunal Penal Internacional, por crimes de guerra. Ele é acusado de ter cedido suspeitos de terrorismo para o programa secreto da CIA que os torturava em ditaduras aliadas.
O escritor é confinado numa ilha na Costa Leste dos EUA, onde Lang se refugiou com a esposa, Ruth (Olivia Williams) e alguns assessores. À medida que começa o trabalho, surgem dúvidas, peças que não se encaixam. Lang é um mulherengo boa-vida, e sua decisão de entrar para a carreira política não faz sentido. Sua esposa parece muito mais inteligente e dedicada, mas a relação dos dois é péssima. Diversos dados biográficos do ex-primeiro-ministro são confusos e de algum modo essa indefinição parece relacionada ao desaparecimento do outro ghost writer. Simultaneamente, o crescimento dos protestos sociais contra Lang colocam o personagem de McGregor numa situação ética bastante incômoda.
Num clima de paranóia que vai se tornando cada vez mais asfixiante, o escritor fantasma se envolve numa trama de espionagem que aborda as guerras no Oriente Médio, os conflitos em torno do terrorismo e a responsabilidade moral dos governantes. Tudo isso com uma interpretação muito, muito interessante do atual estágio das “relações especiais” entre EUA e Reino Unido.
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4 comentários:
Pierce Brosnan?
Ooops... Tem razão, anotei o007 errado. Vou corrigir!
abraços
rapaz, gostei do filme, mas ele exige uma suspensão de juízo crítico meio grande demais. É divertido ver essa versão de Tony Blair na rpupda do ex-007, mas é duro acreditar na credibildiade do ghost writer que se abre com a mulher do biografado daquele jeito (por mais gostosa e irrestível que aquela moça seja, Deusdocéu).
Também não ficou muito claro para mim (SPOILER) a sanha da CIA pelo original do livro e o emepnho do ex-ghost writer em botar num calhamço algo que poderia ter vazado para a imprensa britânica por telefone...
Salve, meu caro.
A parte da CIA ficou mesmo muito forçada, mas os encantos da dona Ruth são perfeitamente compreensíveis, para escritores fantasmas ou de carne e osso!
Gostei bastante também do personagem do acadêmico-canalha. Digamos que me lembra alguns que conheci em minha vida universitária. :-)
Abraços
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