sexta-feira, 25 de junho de 2010

O Profeta



Este excelente filme de Jacques Audiard é uma versão contemporânea, e francesa, para a tradição dos dramas prisionais caros ao cinema dos Estados Unidos. O contexto social é o da busca pela identidade numa Europa fraturada por conflitos culturais e religiosos – dentro e fora dos muros da cadeia.

O protagonista é Malik, um rapaz de origem árabe preso por agredir um policial. Com apenas 19 anos, semi-analfabeto e sem família ou amigos para ajudá-lo, é presa fácil para as gangues rivais que disputam o controle da prisão. Até que recebe – como diria dom Corleone – uma oferta que não pode recusar. César, um velho corso que praticamente manda na cadeia, o recruta para assassinar um preso árabe que irá depor num processo importante.

Malik ascende na hierarquia da prisão como um faz-tudo para os corsos, que parecem uma mistura de mafiosos com criminosos políticos – há um movimento separatista na ilha na qual nasceu Napoleão. Os corsos operam numa rede étnica bastante fechada, mas o rapaz aos poucos conquista a confiança e mesmo um certo afeto por parte de César. Os demais corsos estão sendo transferidos ou libertados e César se vê cada vez mais sozinho e isolado diante dos árabes, cuja explosão demográfica está mudando o equilíbrio de forças dentro da cadeia.

Aos poucos Malik começa a ser designado para missões políticas para César, que lhe arranja liberdade condicional de modo que ele possa passar alguns dias fora da prisão. Malik começa a intermediar negociações complexas entre os corsos e outros grupos, e inicia suas próprias e lucrativas iniciativas comerciais.

Contudo, Malik segue um criminoso de segunda categoria para os corsos, com freqüência sendo ofendido com xingamentos étnicos e religiosos. À medida que inicia uma amizade com outro preso árabe, o rapaz desenvolve uma autoconsciência crescente de sua identidade e começa a manobrar sua posição de intermediário para deflagrar uma guerra étnica que mudará o jogo dentro da cadeia.

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