segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Detroit em Ponto Morto
A situação de semi-falência da GM e da Chrysler, com a Ford também à beira do colapso, é a crônica de uma morte anunciada há pelo menos trinta anos, diante das dificuldaes crescentes das grandes empresas automobilísticas americanas em competir com suas rivais japonesas, em especial a Toyota. O campo de batalha decisivo são os mercados emergentes: China, Índia, Brasil. A crise atual apenas colocou o prego no caixão, e aumentou o poder de pressão dos executivos e funcionários da indústria para pedir socorro financeiro ao governo.
Contudo, essa tarefa será mais difícil do que foi para os bancos e instituições financeiras. O Senado rejeitou o pacote de ajuda que o presidente Bush havia conseguido aprovar na Câmara. Ironias da política, a derrota foi em grande medida fruto da ação de parlamentares republicanos, descontentes com o que viram como a concessão de amplos poderes ao sindicato da categoria, a United Auto Workers. A solução (?) de curto prazo encontrada pela Casa Branca foi remanejar para Detroit parte dos fundos destinados a Wall Street.
Como as notícias dos Estados Unidos pioram a cada dia, a derrota no Senado vem em conjunto com a prisão de um ás do mercado financeiro, Bernard Madoff, acusado de fraudes que podem chegar a US$50 bilhões. Em momentos de maior glória, Madoff presidiu a Nasdaq, a bolsa de empresas de alta tecnologia. Mas mesmo agora não ficou muito tempo atrás das grandes, pois foi solto após pagar fiança de US$10 milhões.
Regulação é a palavra de ordem na agenda pública americana, mas os sucessivos fracassos nesse campo deixam reservas quanto à capacidade de implementar medidas bem-sucedidas. Por exemplo, o governo cogita criar o cargo de “czar da indústria automobílistica”, para supervisionar a ajuda às empresas e comandar suas decisões de investimento com poder de veto. Esse tipo de relacionamento lembra o que ocorre no Japão e nos Tigres Asiáticos, mas nem mesmo lá as autoridades têm tamanha influência direta sobre as decisões corporativas. Especula-se que o czar seria o veteraníssimo ex-presidente do Fed, Paul Volker – que já tem 81 anos!
Não sei quanto a vocês, mas eu vou comprar um Volkswagen.
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2 comentários:
Eu tenho um FIAT de 10 anos de idade.
Para trocar de carro gostaria que fabricassem um modelo menor, mais econômico, menos poluente, mais barato e feito de material reciclável.
Não me animo a pagar uma pequena fortuna (metade do preço de um imóvel em Curitiba, onde moro) por um carro novo nos moldes em que existe hoje.
Pois é, André, esse é um dos problemas das montadoras americanas. Elas se concentraram de maneira excessiva nos grandes utilitários esportivos (SUVs) e deixaram de lado carros menores, além de não terem investido em técnicas para poupar energia.
abraços
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