sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Trabalho de Equipe


Esta última semana tem sido bastante puxada no curso de formação. Começamos o módulo sobre economia, que irá até o fim do mês e andamos com muito trabalho. Já discutimos as questões internacionais, como o auge e o declínio dos sistemas monetários (padrão ouro, Bretton Woods), e agora debatemos os rumos e descaminhos da trajetória brasileira desde a Revolução de 1930. Hoje, por exemplo, o dia será dedicado aos planos de combate à inflação que dominaram o cenário do país nos anos 1980. Uma particularidade do curso é a ênfase dada às tarefas em equipe. Como trabalharemos em conjunto quando formos gestores de políticas públicas, o método pedagógico ressalta a importância de aprendermos a conviver e cooperar em meio a um grupo de quase 100 pessoas, com carreiras e histórias de vida diversas.

Alguns desses trabalhos coletivos são simples, como os que fazíamos na escola. Por exemplo, preparar uma apresentação oral a respeito de um texto lido para o curso. Mas a maioria é de um nível de complexidade mais elevado. Ao longo das últimas semanas elaboramos conjuntamente um esboço de Constituição, um projeto de reforma política (ambos resultaram num país curiosamente diferente, com sistema parlamentarista e voto misto majoritário/proporcional, à alemã) e escrevemos análises sobre os altos e baixos da Rodada Doha da OMC e sobre como o estrangulamento externo ditou os rumos da industrialização brasileira.

Naturalmete, é mais complicado chegar a consensos envolvendo seis ou sete pessoas, mas a experiência também é bem mais gratificante do que o trabalho individual. É fantástico poder contar em grupos assim com pessoas especialistas em, digamos, agricultura familiar ou mecanismos de controle de constitucionalidade, ou no funcionamento de associações empresariais. Se não dá para aprender por osmose, ao menos a convivência com colegas e o papo na hora do cafézinho ensina bastante.

Os trabalhos de grupo podem valer uma percentagem elevada da nota para cada eixo, até 50% dependendendo do professor. O resto vem por um exame individual, do tipo dissertativo. Na sexta-feira passada fizemos a prova para os módulos de "Estado, Sociedade e Democracia" - isto é, ciência política. Tivemos que responder a três perguntas, mais ou menos assim:

1-Discutir as formas de legitmação do interesse público no Brasil a partir de um livro estudado no curso, sobre as "Gramáticas políticas" do país.

2-Explicar o que são instituições e sua importância na consolidação ou na obstaculização da democracia brasileira.

2-Argumentar se o sistema político brasileiro favorece as minorias ou as maiorias, e dizer o porquê da escolha.

Como vocês podem ver, não é fácil virar tecnocrata. O esforço exigido pelo curso é intenso. Se não fossem pelos dois coffee-breaks diários, já teria caído faminto pelos corredores da Escola Nacional de Administração.

2 comentários:

Sergio Leo disse...

Grande burocrata!! Já fez algum trabalho com o Torreão? Voltei a Brasília, vamos ver se nos encontramos!

Maurício Santoro disse...

Caro Sergio,

O Torreão e eu estamos sempre no mesmo grupo, nos divertindo muito e aprontando algumas. Temos inclusive uma importante denúncia para fazer a você, com relação à bibliografia usada no curso, mas isso só conto pessoalmente.

Fico em BSB no fim de semana que vem, e depois vou ao Rio para as festas de fim de ano. Alguma chance de tomarmos um chope no fim de semana?

abraços