sexta-feira, 15 de maio de 2009
Algo de Novo no Front
Há alguns dias o governo Obama substituiu o oficial que comanda a guerra no Afeganistão, sinalizando a mudança de estratégia naquele se tornou o principal front das operações militares americanas. Saiu o general David D. McKiernan, de carreira tradicional, especializado em blindados, e entrou Stanley McChrystal (foto), cujo currículo está mais ligado às forças especiais, operações de inteligência e atividades de contra-insurgência. Nessa qualidade, ele chefiou ações que levaram à captura de Saddam Hussein e de líderes importantes da Al-Qaeda. A troca de comando vem no momento em que os Estados Unidos se preparam para enviar mais 21 mil soldados ao Afeganistão, e diante das crescentes dificuldades que enfrentam na fronteira desse país com o Paquistão, com a ofensiva no vale do Swat que provocou a fuga de cerca de um milhão de pessoas e muitas mortes a civis, em função de bombardeios e erros militares.
Obama sempre foi crítico da guerra do Iraque, afirmando que desviava os esforços americanos do combate mais sério no Afeganistão, onde era necessário destruir a Al-Qaeda e a estrutura de apoio ao terrorismo que resultou nos atentados de 11 de setembro. Suas ações como presidente são condizentes com o discurso, uma vez que anunciou o cronograma para retirada das tropas do front iraquiano, e o aumento das forças em território afegão.
O general que implementa essa estratégia é David Petraeus, o mais célebre oficial americano na ativa. Ele se tornou mundialmente conhecido por sua bem-sucedida atuação no Iraque, conhecida como o “surto”, que resultou em condições estáveis o suficiente para que os EUA pudessem começar a negociar a saída do país. Petraeus foi promovido para a responsabilidade de gerenciar as duas guerras na Ásia, na esperança de que possa repetir no Afeganistão o bom desempenho de sua missão anterior.
Ele havia sido subordinado de McKiernan no Iraque e os dois não se deram bem com a inversão de posições hierárquicas. McKiernan permaneceu apenas 11 meses como comandante no Afeganistão, menos da metade do período habitual, e em geral sua liderança foi considerada como correta, embora não excepcional. Causou certa consternação no Exército o modo brusco pelo qual foi afastado.
É a primeira vez que o governo americano afasta um general-comandante em tempos de guerra, desde os tempos em que Truman demitiu MacArthur na Coréia, na década de 1950. Isso mostra o nível de determinação do Pentágono e da Casa Branca em virar o jogo no Afeganistão, e o grau de cobrança que os oficiais superiores devem esperar. Agora, como diria aquele estrategista-mor, Garrincha, falta somente combinar com o inimigo, que não mostra sinais de esmorecer.
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