segunda-feira, 22 de junho de 2009

Juventude




O trem da juventude é veloz
Quando foi olhar já passou
Os trilhos do destino cruzando entre nós
Pela vida, trazendo o novo


Herbert Vianna, O Trem da Juventude

No fim de semana, caí na estrada novamente. Fui ao Rio de Janeiro acompanhar a etapa final da pesquisa sobre juventude sul-americana – um belíssimo encontro entre os jovens de seis países do continente. Trabalhei no projeto durante dois anos, mas me afastei nos últimos meses, quando ingressei no serviço público federal e me mudei para Brasília. Como não tenho mais vínculos formais com as organizações que realizaram a pesquisa, o convite foi feito puramente na base do afeto, e é isso o que conta depois de tantos rostos, aeroportos, questionários e grupos focais. Revi amigos queridos e relembrei momentos emocionantes pelos quais passamos juntos.

Um rápido retrospecto do projeto, para quem chegou há pouco por aqui: tudo começou com estudos de casos sobre os principais movimentos juvenis da região, que identificaram as demandas sociais mais importantes. Depois vieram grupos focais e uma pesquisa de opinião pública, seguidas por rodas de diálogos com os jovens em cada país. A etapa final foi a conversa internacional com rapazes e moças da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Foram dois dias num hotel fazenda nos arredores do Rio de Janeiro. Cheguei para a cereja do bolo: um passeio pela cidade.

Ao longo do projeto, todos nos impressionamos com a semelhança entre as preocupações dos jovens da América do Sul, para além das divisões por classe social e fronteiras nacionais. Quer fosse com os músicos de hip hop bolivianos, os sindicalistas brasileiros, os camponeses paraguaios, o mesmo conjunto de temas dominava os sonhos, esperanças e medos. Educação e trabalho, sobretudo, mas também questões ligadas à discriminação, à saúde. Naturalmente, a integração entre os jovens no diálogo internacional foi muito fácil e rápida. Fiquei fascinado pela força das amizades e cumplicidades que surgiram entre os grupos, em tão pouco tempo.



Para muitos, foi a primeira vez em que andaram de avião e saíram do país natal. Outros descobriam o mar, em Copacabana, diante das câmeras do cineasta que registrou o encontro, e numa tarde em que tudo estava perfeito: o sol ameno do outono carioca, a música que vinha do violão de um quiosque no calçadão, a alegria de uma equipe fantástica que comemorava o sucesso da iniciativa.



Conversando com os jovens e com meus colegas na pesquisa, procurei passar um pouco das minhas experiências e impressões recentes no Estado, em particular a convicção de que as políticas públicas precisam ser mais abertas para a participação da sociedade. Não apenas por um imperativo democrático, mas porque o conhecimento necessário para a ação efetiva do governo está aí, no cotidiano das pessoas.

Insisti com os amigos para que a pesquisa não termine com a divulgação dos resultados. É preciso levar os dados para a reflexão da comunidade acadêmica e das autoridades governamentais, incluindo as novas instituições regionais, como o Parlamento do Mercosul. Há vários elementos que merecem o debate aprofundado, como a contradição entre a imagem negativa que a sociedade faz da juventude (vista inclusive pelos jovens como mais individualista e descompromissada do que os adultos) e a adesão aos sonhos e demandas dessa mesma faixa etária.

2 comentários:

Patricio Iglesias disse...

Meu caro:
Que bem, amigo! Fico feliz ao saver que passou um bom dia com jovens de distintos paises da regiäo. Sem dúvidas é necessário fazer ainda mais investigaçöes sob o tema pra estar en condiçöes de disenhar melhores políticas regionais ad hoc.
Saludos!

Maurício Santoro disse...

Pois é, meu caro, um pouco de conheciento ajuda bastante nessa tarefa sempre árdua de formular boas políticas públicas.

E por aí, tudo pronto para as eleições?

Abraços