terça-feira, 7 de julho de 2009

Jean Charles



O filme “Jean Charles” mistura ficção com elementos de documentário para mostrar a vida dos brasileiros que vivem no exterior, tendo como catalizador a história do rapaz morto pela polícia britânica, ao ser confundido com um terrorista. O ponto alto da produção é mostrar um universo ainda pouco retratado no cinema nacional, mas há deficiências no roteiro e na atuação do elenco, que mistura atores profissionais e amadores.

Selton Mello interpreta o papel título como um sujeito que sabe se virar, e que usa vários truques para sobreviver e prosperar. Ele critica os conterrâneos que só pensam em trabalhar e afirma querer viver a vida. Mas traz sempre consigo um ar melancólico, uma tristeza que insiste em não desgrudar. Talvez seja menos uma intenção proposital do ator e mais o reflexo da depressão que sofreu durante as filmagens. Seja como for, suas melhores cenas são as que retratam os momentos difíceis do personagem.



Para introduzir os espectadores no universo dos emigrantes brasileiros, o diretor Henrique Goldman – ele próprio, radicado na Inglaterra – optou pelo truque de fazer Jean Charles recepcionar uma prima, Viviane (Vanessa Giácomo) a quem explica as artimanhas para ir levando as coisas quando a saudade bate. Os dois dividem um apartamento com um amigo e uma prima.

A Londres mostrada no filme é uma metrópole cinzenta e multicultural, curiosamente desprovida de ingleses – quase todos os personagens que cruzam o caminho de Jean Charles são brasileiros do circuito dos emigrantes, ou então outros estrangeiros que também tentam a sorte na Inglaterra. O enredo é centrado nas alegrias e tristezas da (des)adaptação, com a tensão latente crescendo aos poucos, por meio do noticiário sobre atentados, bombas e ameaças terroristas.

Os episódios que levaram à morte de Jean Charles são bem conhecidos e abordados apenas de passagem no filme, que se concentra no impacto dos acontecimentos sobre seus parentes e amigos. A história é triste, em especial porque termina em impunidade – nenhum policial foi condenado pelo crime – mas mantém uma nota de esperança, que se manifesta na personagem de Vanessa Giácomo.

4 comentários:

Luiz Pinto disse...

O filme tá na minha lista pra logo, Santoro. Belo post, deu mais vontade de ver.

Apareço também pra agradecer a solidaridade com relação ao hd perdi. Recuperei os dados ontem.

Abraço.

Ps.: qual teu email agora?

Carol disse...

Oi Maurício!

Semana passada tb fiz um post sobre o filme, mas sob um outro aspecto... pq apesar da história do rapaz ser interessante (e triste), nao achei suficiente pra virar filme.

Abraços!

Diego Viana disse...

O pior é que Londres realmente parece desprovida de ingleses. Cada um naquela cidade tem um sotaque completamente diferente. Não se é império colonial "impunemente"...

Maurício Santoro disse...

Salve, Luiz.

Acompanho a novela pelo seu blog, fico feliz de saber do bom resultado.

Oi, Carol.

A história de Jean Charles é interessante por que nos permite um olhar sobre a comunidade de brasileiros no exterior, um aspecto que poderia ser melhor explorado no filme. A meu ver, ele ficou muito concentrado no círculo de amigos e família de Jean.

Pois é, Diego.

Uma amiga que morou em Londres descreveu o metrô da cidade como o bar de Guerra nas Estrelas...

Abraços