quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sucessão no Reino Eremita

A Coréia do Norte tem o regime político mais fechado do mundo e apesar de nominalmente comunista desde a década de 1990 não funciona mais como um sistema dominado pelo Partido, mas por como uma ditadura militar cujo comando é transmitido de pai para filho. O fundador do Estado, Kim Il-Sung, o passou para seu rebento sonhador, Kim Jong-Il, que preferia ter sido cineasta. Ele faleceu no último sábado e a herança do “reino eremita”, como é conhecido o país, agora está com seu caçula Kim Jong-un, de apenas 28 anos (ou 27, não se sabe ao certo sua idade). Sua juventude e inexperiência significam que o poder real será exercido pelas Forças Armadas e por parentes mais velhos, como seu tio Jang Song Thaek.

O ambiente de segredo na Coréia do Norte é tão grande que a existência de Kim Jong-un era desconhecida no Ocidente até a década passada. Sabe-se que ele estudou na Suíça, sob um nome falso, e que sua mãe foi uma dançarina japonesa. Era o filho favorito de Kim Jong-Il, talvez pela semelhança física entre ambos, talvez pelo temperamento determinado e explosivo. Há relatos que o ditador teria excluído os primogênitos da linha sucessória por considerá-los de caráter fraco e até, pasmem, pouco resistentes à bebida.

Nos últimos 20 anos a principal atividade econômica da Coréia do Norte tem sido a extorção de ajuda internacional por meio de ameaças envolvendo seu programa nuclear e suas tecnologias militares avançadas, como a construção de mísseis. O principal patrocinador externo do regime é a China, que no entanto com frequência age no sentido de conter as iniciativas mais turbulentas de Pyongyang. Naturalmente, há muita especulação sobre o que significa a sucessão entre os Kims para as relações exteriores da Coréia do Norte. Aparentemente, o início do reinado do jovem Jong-un deve ser um período mais voltado para a consolidação de seu poder doméstico, com menos iniciativas internacionais.

A maré de protestos democráticos que atravessou os países árabes e a Rússia não mostra sinais de ter chegado à Coréia do Norte. Como se vê pelo vídeo acima, pelo menos o ritual público de homenagem à ditadura continua vigente. No entanto, há o debate sobre chances da China retirar seu apoio ao regime, em caso de instabilidade. Difícil dizer, pois manter a Coréia dividida tem sido um dos objetivos da política externa chinesa, que teme um país reunificado com a força econômica do sul e a tecnologia militar do norte.

Em 2012 se completarão cem anos de nascimento de Kim Il-Sung, o fundador do Estado norte-coreano e da dinastia que o governou desde então.

2 comentários:

Anônimo disse...

jogador, por que você não disse que interpretou o filho do ditador norte-coreano em "007: um novo dia para morrer" em 2002??...hehe


abraços meu caro, Feliz Natal!

Helvécio.

Maurício Santoro disse...

Ha ha ha... continua um segredo de Estado. Quem sabe vem aí uma continuação.