terça-feira, 11 de março de 2008

Planalto, Planície, Baixada



As últimas semanas foram bastante movimentadas no trabalho. Lançamos a pesquisa “Juventude e Integração Sul-Americana” com um belo evento no Palácio do Planalto (foto). Aproveitamos a posse dos novos membros do Conselho Nacional de Juventude – inclusive eu mesmo.

O Conselho é um órgão consultivo da Secretaria-Geral da Presidência da República e reúne representantes do governo e da sociedade civil. Cada conselheiro participa de alguma comissão interna e fiquei como um dos relatores da área de relações internacionais. A agenda de cooperação é muito interessante, com foco na América Latina e nos países africanos de língua portuguesa.

Essas duas regiões são, tradicionalmente, a prioridade para a agenda social internacional do governo brasileiro e é curioso observar como o Brasil se tornou referência importante para os debates sobre políticas públicas de juventude, por conta de programas como Pró-Jovem, Pró-Uni e Pronasci. O inusitado é que o país tem pouca experiência no campo – o órgão federal de juventude só foi criado em 2005, enquanto entre os vizinhos isso geralmente ocorreu há 15 ou 20 anos.

A diversidade dos 60 membros do Conselho impressiona. Tenho o prazer de conviver com pessoas de vários estados e com trajetórias de vida das mais diferentes: militantes jovens do movimento negro, gay, feminista, missionários católicos e protestantes, pesquisadores, gestores de políticas públicas... Um tributo às muitas faces da geração de brasileiros que atinge a maturidade política na democracia.

Um dos desafios que tenho como membro do Conselho é aproximar Planalto e sociedade – Planície como dizia o saudoso Betinho, fundador da ONG em que trabalho. A área de juventude, por sua própria natureza, requer cooperação entre o governo federal e as esferas estaduais e municipais. Isso é difícil em qualquer situação, ainda mais porque poucos municípios brasileiros possuem órgãos dedicados à juventude. São Paulo tem um excelente, mas no Rio de Janeiro, nada.

No entanto, está em curso um processo muito rico, o da I Conferência Nacional de Juventude, que irá ocorrer em Brasília, no fim de abril, para debater a formulação de políticas públicas para a área. Os delegados para o encontro estão sendo escolhidos em conferências nos estados e nos municípios, das quais também tenho participado. Ajudei a organizar uma “conferência livre” (isto é, só da sociedade) há duas semanas, e dei palestra na abertura do encontro municipal em Nova Iguaçu, representando o Conselho.

Num dos encontros o Conselho havia sido criticado por estar distante dos municípios da Baixada Fluminense e abordei essa observação na minha palestra, dizendo que esperava ser cobrado na minha função de conselheiro e que estava ali justamente para ajudar a fazer essa ponte.

O trabalho está apenas começando. Também estou na comissão organizadora da conferência estadual de juventude, ontem mesmo passei a tarde numa reunião para discutir aspectos da metodologia do encontro.

Em meio a todo esse turbilhão, nem sei como encontrei tempo, mas a tese de doutorado está pronta e foi devidamente aprovada pelo meu orientador. Só falta agora marcar a data da defesa, que provavelmente será no fim de maio.

Ontem foi o coquetel de boas-vindas aos novos alunos do IUPERJ – o último do qual participo como estudante do instituto. Foi muito bom o carinho dos colegas e dos professores, lembramos de histórias antigas e conversamos sobre o futuro.

3 comentários:

Ana disse...

Oi, Maurício,

Avise-nos da sua defesa. Se eu puder, gostaria de ir. Acho que o Javi também.

Beijos e boa sorte!

Rodrigo Cerqueira disse...

Nova Iguaçu, Maurício! Lindberg se meteu nessa também? Hmmm...

Os movimentos sociais já foram muito fortes na cidade nos anos 70 e 80, época em que os MAB (entidades de bairro) ficaram famosos pela luta social e o bispo Dom Adriano Hipólito se tornou notório pelo enfrentamento à ditadura. Outros tempos, meu caro.

Hoje, o que você deve encontrar na Baixada é um retrato bem mais triste. Há juventude organizada nas igrejas (muito mais nas evangélicas) e alguns poucos sobreviventes nas comunidades de periferia, mas a quantidade de oportunistas e figuras ligadas a partidos e caciques políticos é muito maior. Aém disso, não há discurso coerente nem um objetivo concreto. Não sei se o restante do país é diferente.

A propósito de Nova Iguaçu: cuidado com a primeira-dama.

Grande abraço,

Rodrigo

Maurício Santoro disse...

Salve, Ana.

Claro, querida. O ritual de auto-humilhação da defesa precisa de público para ser concretizado!

Grande Rodrigo,

o Lindberg virou a referência principal para juventude em termos de Rio de Janeiro. Salvo engano, no estado só Nova Iguaçu, Niterói e Volta Redonda têm órgãos municipais dedicados ao tema.

Gostei do que vi, há esforços interessantes do município em complementar e reforçar as políticas federais. As instituições que participam do conselho municipal (UJS, Pastoral da Juventude) também estão no nacional.

Não conheci a primeira-dama, mas me lembrarei do aviso!

Abraços