quarta-feira, 2 de abril de 2008
A OTAN segue para o Leste
A história das guerras de coalizão é a história das queixas mútuas entre os aliados.
Winston Churchill
A cúpula da OTAN que começa hoje será dominada por dois temas: a necessidade de mais tropas no Afeganistão, para evitar derrota humilhante da aliança naquele país, e as tensões que a ampliação da OTAN para os Bálcãs e o Cáucaso provocam com a Rússia. Ambos os assuntos provocam também divisões dentro da organização.
A OTAN foi criada no início da Guerra Fria como uma aliança militar contra a União Soviética, englobando EUA, Canadá, Turquia e boa parte dos países da Europa Ocidental. Quando o bloco comunista entrou em colapso, em 1989, muitos bons analistas acreditaram que a organização chegaria ao fim. Não foi o que ocorreu. Na realidade, ela tem se expandido para o leste e cresceu para um total de 26 países, incorporando várias nações da Europa Oriental (Polônia, Hugria, República Tcheca etc), as três ex-repúblicas soviéticas do Mar Báltico (Estônia, Letônia e Lituânia) e a queridinha dos destroços da ex-Iugoslávia (Eslovênia).
Além dos novos membros, a OTAN inventou para si mesma outras missões. Ela lutou sua primeira guerra no Kosovo, em 1999, bombardeando a Sérvia. E agora está no Afeganistão, tentando estabilizar aquele turbulento país.
O item mais controverso da cúpula é a iniciação de negociações com a Ucrânia e a Geórgia para que as duas ex-repúblicas soviéticas integrassem a organização. Quem impulsiona o desejo são os Estados Unidos, cuja política externa cada vez mais se choca com a Rússia, que sempre teve nesses dois países zona tradicional de influência. Aliás, ambos têm substanciais populações de origem étnica russa.
Alemanha e França se opõem: "O fato de que a OTAN pode ser derrotada no Afeganistão coloca a questão Ucrânia-Geórgia muito abaixo na lista de prioridades", diz Thomas Gomart, diretor de assuntos russos no Instituto Francês de Relações Internacionais em Paris. "Para nós, o futuro da OTAN não é a expansão. É o Afeganistão, Afeganistão. Afeganistão."
No país asiático, as coisas estão tensas para a OTAN. EUA, Reino Unido, Canadá e Holanda reclamam de fazem a maior parte das tarefas de combate, e que os demais aliados devem assumir a parte do fardo que lhes cabe. Há sinais de que isso pode ocorrer com a França, que sob Sarkozy iniciou remodelamento de sua estratégia de defesa. Os franceses devem voltar a fazer parte da estrutura de comando militar da aliança, da qual haviam se retirado nos tempos do general De Gaulle (embora continuem a integrar a OTAN, a coisa é mesmo complicada).
Saindo do Cáucaso e indo para os Bálcãs, também há disputas sobre a conveniência ou não de que Macedônia, Albânia e Croácia se juntem à OTAN. A questão mais séria é com o primeiro país, que tem longa rivalidade com a Grécia - entre outras coisas, porque "Macedônia" também é o nome de uma região grega, e Atenas sequer reconhece o direito dos vizinhos em adotá-lo!
E depois a integração sul-americana é que é complicada...
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