domingo, 25 de maio de 2008
A Morte de Tirofijo
O governo colombiano anunciou ontem a morte de Tirofijo, também conhecido por Manuel Marulanda, nome de batismo Pedro Antonio Marin, o fundador e líder das FARCs. Ele teria falecido de causas naturais, provavelmente infarto, há dois meses. É o golpe mais duro na sucessão de derrotas que a guerrilha tem sofrido em 2008, e que já resultaram na eliminação de metade de seu secretariado-geral.
Ainda não há confirmação para a morte de Tirofijo, mas rumores quanto a ela já corriam há bastante tempo, devido à ausência de aparições públicas do líder das FARCs. Era quase certo de que ele estava muito doente e de que não mais exercia papel relevante na liderança prática da guerrilha, permanecendo muito mais como uma figura simbólica.
A vida de Tirofijo ilustra os momentos mais dramáticos da convulsionada Colômbia. Ele começou na luta armada nas guerrilhas ligadas ao Partido Liberal, em 1948, após o assassinato de Gaitán e a eclosão do Bogotazo. Radicalizou-se ao longo dos anos e se tornou comunista, menos influenciado por Marx e Lênin e mais pela situação de miséria e violência endêmica da zona rural colombiana.
O guerrilheiro foi um dos principais articuladores do envolvimento das FARCs com o narcotráfico e da estratégia de seqüestros políticos promovidos pela organização. Sua atuação nos processos de paz sempre foi controversa e as conseqüências de sua morte dividem os analistas: um grupo acredita que facilitará o desmonte da guerrilha, outra corrente afirma que não irá interferir muito.
Segundo o governo colombiano, as FARCs nomearam Alfono Cano sucessor de Tirofijo. O outro líder de destaque da guerrilha é Jorge Briceño, mais conhecido como Mono Jojoy. Nenhum deles tem o prestígio e o poder do falecido comandante e é bastante provável que, no curto prazo, as FARCs se tornem ainda mais fragmentadas, quem sabe até com a divisão em grupos rivais.
Enquanto isso, ganha força a campanha pelo terceiro mandato de Uribe, e o governo colombiano acusa parlamentares da oposição de ligações com as FARCs.
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2 comentários:
Maurício,
a tese da fragmentação me parece a mais evidente, e isso certamente significa enfraquecimento da guerrilha. Isso não quer dizer que ela ficará menos agressiva, mas deve perder capacidade de financiamento e poder de resposta às investidas do Estado.
Além disso, é importante considerar que não foi só a morte de Tirofijo, mas pelo menos três perdas de figuras do mais alto escalão nos últimos meses. Não há organização que não sinta um golpe tão forte. Mais ainda, do ponto de vista moral, 2008 tem trazido apoio à forma incisiva como as Farc têm sido combatidas pelo Estado e essas perdas se refletirão em menor capacidade de recrutamento e de motivação para a luta na guerrilha. Uribe nunca esteve tão bem nesse palco.
Salve, Rodrigo.
Sem dúvida. A legitimidade das FARCs atingiu seu ponto mais baixo em muito s anos e os relatos falam em altos índices de deserção e da perda do apoio da população rural. A guerrilha sofreu uma sucessão de derrotas e é difícil imaginar que possa virar o jogo contra Uribe. Com mais de 80% de popularidade, ele se tornou um dos presidentes de maior cacife político do continente.
Abraços
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