sexta-feira, 26 de março de 2010

O Pacote de Ajuda à Grécia



A cúpula da União Européia em Bruxelas chegou a uma solução negociada para socorrer a Grécia, pela qual cerca de 2/3 dos recursos virão dos países da zona do euro, e o restante, do FMI. O acordo prevê regras bastante duras para que Atenas possa utilizar o dinheiro e constituiu, na prática, a vitória da posição da Alemanha, que teme precisar pagar por todos os outros membros da UE em sérios apuros financeiros, como Espanha, Portugal e Itália.

A União Européia concordou em criar um fundo de segurança com cerca de 22 bilhões de euros, que poderá ser utilizado pelo governo grego para evitar a moratória de sua dívida pública. O risco é concreto, pois Atenas deve pagar 20 bilhões somente em abril e maio. O total devido é de 300 bilhões de euros... As autoridades gregas já adotaram um severo pacote de corte de gastos, que inclui reduções de até 1/3 nos salários dos funcionários, aumento na idade mínima para aposentadoria e outras medidas drásticas. Mas elas não são suficientes: as finças públicas do país tem sido pessimamente administradas há vários anos.

A grande preocupação alemã é justamente não estabelecer um precedente de auxílio incondicional para membros da UE em dificuldades, que poderia estimular falta de cuidado com a administração desses Estados. Trata-se daquilo que no mercado de seguros é conhecido como "risco moral": o motorista passa a dirigir pior, porque sabe que em caso de acidente, a seguradora cobrirá os prejuízos. Berlim não quer arcar com a conta. Para que Atenas possa sacar o dinheiro, precisará obter o consenso de todos os países da eurozona, o que dá à Alemanha poder de veto.

Os demais países europeus, em particular a França, pressionavam por uma solução que envolvesse somente a UE, e deixasse de fora o FMI. O Fundo continua a ser visto como uma instituição que deve ser usada em casos que envolvam países na América Latina, África e Ásia. No máximo, nações na periferia da UE, como Hungria. Mas não um país da zona do euro. Pesam também fatores puramente domésticos: o FMI é comandado por um político socialista francês, rival do presidente Sarkozy, que acaba de perder as eleições regionais para a esquerda.

Não será fácil para os líderes da UE venderem o socorro à Grécia para seus eleitores, num momento de austeridade no continente. O governo britânico, por exemplo, anunciou nesta semana corte de 25% no orçamento, para se estenderem até 2017!

3 comentários:

Joao Mendes disse...
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Mário Machado disse...

A Grécia ensina entre outras coisas que ceder a sindicatos e grupos de pressão em temas como aposentadoria e expansão do numero de servidores públicos pode ser popular mas é pior para o mesmo povo que demanda isso.

Dificil será convencer os alemães que viveram com mais austeridade a salvar os gregos combalidos ainda que o espírito da união seja esse. Quando o assunto é dinheiro belos principios sofrem baixas..

Maurício Santoro disse...

Ainda acho que a coisa vai piorar, a situação na Espanha consegue ser pior, e com mais possibilidades de afetar toda a UE...