A visita de Bento XVI a Cuba é importante porque consolida a nova relação de diálogo e parceria entre o governo socialista cubano e a Igreja Católica, iniciada na década de 1990, sob o comando de Fidel Castro e de João Paulo II. Essa relação sobreviveu a sérias tensões políticas, como o apoio da Igreja a grupos de dissidentes na ilha, e foi marcada por fatos positvos como a mediação bem-sucedida do Vaticano para libertar cerca de 70 presos políticos ao longo da última década.
Para Cuba, a relação é importante como um modo de implementar uma abertura lenta, gradual e controlada do regime. Para o Vaticano, a motivação é retomar a presença e influência da Igreja num país importante da América Latina, onde depois de cinco décadas de regime socialista apenas 10% da população se define como católica.
A Revolução Cubana teve uma relação conturbada com os católicos, ao proclamar um Estado ateu (e não meramente laico), expulsar sacerdotes estrangeiros do país e permitir o aborto e o divórcio. Com as reformas econômicas pró-mercado dos anos 90, houve um esforço de aproximação com a Igreja. A nova Constituição, de 1992, eliminou o caráter ateu do Estado e as autoridades cubanas voltaram a apoiar financeiramente as instituições religiosas. A Igreja construiu um novo seminário, o primeiro desde a Revolução. O momento mais simbólico dessa guinada foi a visita de João Paulo II à Cuba, em 1998, que transcorreu de forma cordial, apesar do histórico anti-comunista do papa em países como Polônia e Nicarágua.
O Vaticano é o principal patrono internacional dos movimentos democráticos mais importantes de Cuba como o Projeto Varela, que tem se inspirado na doutrina social da Igreja e nos partidos democrata-cristãos para propor eleições livres e reformas políticas em Cuba. O regime às vezes reprime essas demandas e vários dirigentes do movimento foram presos após a onda repressiva conhecida como Primavera Negra, em 2003. O Vaticano, em conjunto com o governo da Espanha, mediou a libertação de muitos deles.
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