sexta-feira, 2 de março de 2012

O Brasil Visto de Nova York

Muitas pessoas no Brasil tem me escrito para perguntar qual é a imagem do país nas instituições acadêmicas de Nova York. Nesta última semana, tenho circulado bastante entre a New School, Columbia, New York University e conversado com pesquisadores de outras organizações. Me arrisco a formar um quadro genérico: há grande interesse e admiração pelo Brasil, visto como exemplo bem-sucedido de transição democrática e desenvolvimento econômico, mas esses sentimentos postivos são contrabalançados pela percpeção de certo isolamento brasileiro, de dificuldades significativas dos profissionais do país em dialogarem com os demais latino-americanos e de estarem presentes nas organizações internacionais.

Começando pelo lado favorável, o Brasil me tem sido descrito por aqui com termos como “a nova grande potência”, “o país mais emocionante do mundo”, “uma referência em políticas públicas para países em desenvolvimento” e em palavras menos impactantes, mas com igual admiração, como a de uma nação que percorreu um longo caminho para se distanciar da ditadura, da hiperinflação e que apesar dos muitos problemas melhorou de modo considerável.

Os analistas em Nova York destacam a trajetória ascendente do Brasil, a idéia de que o país continuará a se desenvolver pelos próximos anos. Dependendo da pessoa com quem converso, pode ser ressaltado o aspecto econômico, a capacitação de certos setores do Estado (em particular o Itamaraty, respeitadíssimo por aqui), a força cultural e artística, o dinamismo dos movimentos sociais ou a habilidade política dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula. A grande exceção é a imprensa brasileira, sobre a qual só escuto críticas por aqui – algumas muito duras.

Seria de esperar que uma nação ascendente como o Brasil procurasse ocupar os importantes espaços das instituições acadêmicas em Nova York – o ambiente cosmopolita da cidade significa que trabalhar por aqui resulta na construção de redes internacionais significativas. No entanto, não é isso o que ocorre. Chineses, indianos, sul-coreanos estão por toda a parte. Da América Latina, argentinos e chilenos estão bem representados. Mas os brasileiros costumamos ser uma minoria muito pequena, bem abaixo do que poderia se esperar pelo tamanho do país.

Nestes tempos de classe média emergente, os turistas brasileiros estão, claro, por toda a parte, e são os que mais gastam em Nova York – em torno de US$1,6 bilhões por ano. A cidade agradece. Mas é preciso também ter profissionais brasileiros por aqui, para melhorar o diálogo com os Estados Unidos e ampliar o alcance brasileiro nas redes globais.

9 comentários:

João Victor disse...

O que exatamente dizem sobre a imprensa brasileira ?

Anônimo disse...

tenho a mesma curiosidade que o João Victor. Qual a impressão que a Academia norte-americana tem da nossa imprensa?

bernardo disse...

Ah, dá pra desmembrar cada parágrafo em 2 ou 3. Fala mais aí!

Anônimo disse...

Ele não vai falar porque certamente os ianques devem ter detonado a Globo. E ele aparece de vez em quando por lá. Simples assim.

Maurício Santoro disse...

Caros,

As críticas à imprensa brasileira foram muitas e generalizadas - não se restringiram a nenhuma empresa. Posso sintetizá-las nos seguintes pontos:

- Cobertura provinciana, com dificuldade de entender o que se passa em outros países e as relações do Brasil com os outros.

- Conservadorismo extremado, em particular na imprensa escrita.

Abraços

Anônimo disse...

"Conservadorismo extremado, em particular na imprensa escrita"

Com certeza deve falar da Veja e do Estadão...

Mauricio, a gente entende que você não queira especificar. Eu sou o mesmo anônimo que escreveu aí em cima. Não precisa encanar :)

É sempre bom ver os Frias, Mesquita, Civita et al tomando porrada. Eles merecem.

Marc Jaguar disse...

Prezado Mauricio

Aproveite tudo o que tem direito ai pela Big Apple!

Gracas a Deus temos a Revista Veja no Brasil para fazer um contraponto aos arroubos autoritarios do governo e denunciar as falcatruas que rolam nos bastidores do poder!
Nao eh a toa que a Veja estah entre as revistas de atualidades com maior tiragem no mundo.
Para desagrado das esquerdas, eh claro.
Afinal, todo "progressista" que se preze aceita tudo, menos ser contrariado.

Forte abraco, Mauricio!

A proposito...tive que vir ao Brasil no dia 03/03 para tratar de uns assuntos pessoais por aqui e volto para os EUA no ida 19/03.
Voce ainda vai estar por ai?

Goncalez

Anônimo disse...

Os sionistas-estadunidenses estão de olho no Brasil como uma nova e importante fonte geradora de energia fóssil, pois o golfo pérsico tem, no máximo, mais 15 anos de exploração. E é justamente esse impasse que poderá gerar um novo conflito mundial, só isso...

Maurício Santoro disse...

Salve, Gonçalez.

Meu caro, volto ao Brasil exatamente no dia 19.... Sigo para Washington no próximo domingo e ficarei alguns dias por lá, provavelmente até quarta, e depois irei a Boston.

abraços