Não há dados confiáveis para o número de católicos em Cuba, mas a maioria das estimativas aponta até um terço da população – um palpite razoável após 40 anos nos quais o Estado cubano foi oficialmente ateu e as atividades da Igreja foram cerceadas. Muitos padres foram expulsos da ilha e novas edificações foram proibidas por décadas – o seminário erguido há poucos meses foi a 1ª construção da Igreja em Cuba desde a Revolução.
Dito de outro modo, a força social do catoliciismo na ilha ainda é de uma escala em que o regime pode arriscar a normalização das relações com a Igreja. Fidel recebeu João Paulo II em 1998 e o papa que ajudou a derrubar o comunismo na Europa Oriental e combateu a Teologia da Libertação na América Latina criticou a situação dos presos políticos em Cuba. O Vaticano se tornou o principal patrono externo de diveros movimentos de contestação ao regime, como o Projeto Varela, mas isso não impediu que o governo prendesse seus líderes e ativistas mais importantes. Ainda que a mediação da Igreja tenha sido importante para libertá-los, anos mais tarde.
Houve divisões no Vaticano com relação à conveniência da visita do papa. Segundo relatos da imprensa, cardeais temeram que Bento XVI seria manipulado pela propaganda do regime cubano. De fato, as autoridades prenderam vários ativistas e impediram os dissidentes mais radicais de participar dos eventos com o papa. Bento XVI rezou pelos presos e por suas famílias, mas sem se referir de maneira explicíta aos que foram condenados por suas opiniões políticas. Seus ataques ao comunismo foram feitos na imprensa internacional - a qual a população cubana não tem acesso - e não na ilha.
Hoje é o ponto alto da visita papal, com a celebração de missa na Praça da Revolução, em Havana. Será uma surpresa se tivermos críticas frontais de Bento XVI ao regime cubano.
2 comentários:
Paz e bem!
E fato singular:
Dias antes da chegada de Bento XVI
contrarevolucionários ocuparam uma igreja
e foram retirados de lá pelo governo
à pedido das autoridades católicas de Cuba.
Caro Eugênio,
Os dissidentes democráticos ocuparam a igreja e queriam ser recebidos em audiência com o papa. As autoridades eclesiásticas foram contra a revindicação, um choque frontal contra o regime cubano está fora de sua visão política, que mira nas mudanças de médio prazo em Cuba.
Abraços
Postar um comentário