quarta-feira, 7 de março de 2012

Super Terça

Ontem foi a Super Terça das primárias republicanas, na qual 10 estados votaram para escolher o candidato presidencial do partido. Os resultados confirmam a vantagem de Mitt Romney - ele ganhou seis das disputas estaduais. Contudo, o mais moderado entre os competidores sofreu derrotas significativas para Rick Santorum (3 estados) e para Newt Gingrich (ganhou sua Geórgia natal) que ilustram sua dificuldade em conquistar o eleitorado conservador, sobretudo no sul. Romney não conseguiu definir a situação e a luta dentro do Partido Republicano prossegue.

O maior destaque da Super Terça é a disputa por Ohio. Este "swing state" vota nas eleições presidenciais ora com democratas, ora com republicanos, tornando-o um elemento essencial da rivalidade entre os dois partidos. Mais do que isso: quem ganhou em Ohio nos últimos anos, também levou a Casa Branca. Trata-se, portanto, de um prêmio com alto valor simbólico. Romney ganhou Ohio com leve vantagem frente a Santorum, mas com gosto amargo: gastou o triplo do rival e as pesquisas de opinião mostram que só um terço dos eleitores do estado acreditam que Romney entende os problemas dos americanos comuns.

Essa é sua fragilidade. Numa eleição marcada pela mais severa crise econômica desde a Grande Depressão, as pessoas estão com medo, descontentes com o presente e inseguras quanto ao futuro. A economia tem se recuperado, mas os empregos, não. O setor de manufaturas industriais, por exemplo, perdeu um terço das vagas desde 1999, embora sua produção tenha aumentado em mais de 30%. A classe média das pequenas cidades, assustada, tem encontrado conforto muito mais na religião e na afirmação dos valores conservadores de Santorum do que nas propostas centristas de Romney.

O problema para os republicanos é que eles precisam do voto dos eleitores moderados, e dos democratas insatisfeitos com Obama. É uma equação difícil de fechar. O partido está muito fragmentado e dividido - as primárias já tiveram 11 líderes! - e o presidente desfruta de popularidade de 50%, bastante razoável diante das circunstâncias do país. O cenário que se desenha é da nomeção de Romney, numa chapa que faça várias concessões à ala conservadora dos republicanos, à semelhança de John McCain - Sarah Palin em 2008.

2 comentários:

Diogo disse...

O grande erro do GOP foi dar espaço desmedido aos radicais. Eles não ajudam, só atrapalham.

Toda a força que mostraram na questão do teto da dívida, quando encurralaram o presidente, se desfez com as primárias. Algumas declarações, sobretudo do tal de Gingrich, são de ficar de cabelo em pé.

Se a economia não estivesse convalescendo tanto, Obama já encaminharia o smoking do baile da posse em 2013.

Maurício Santoro disse...

Salve, Diogo.

Houve uma rebelião da base social do partido, sobretudo por conta do movimento Tea Party, e isso mudou os cálculos da liderança republicana. Além disso, a lei eleitoral agora permite contribuições milionárias de indivíduos, o que tem permitido a alguns grandes empresários financiar candidatos bem mais radicais no espectro ideológico, como o Santorum.

Abraços