domingo, 2 de setembro de 2007
Canadá, Québec e América Latina
Na próxima segunda-feira embarco para o Canadá, onde passarei uma semana. Apresentarei um ensaio sobre direitos humanos e participação social no Mercosul no congresso da Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA). Não é coincidência que o evento seja em Montréal, na região francófona do Québec. Nos últimos anos o Canadá tem desempenhado um papel cada vez mais relevante nos assuntos da América Latina e sua região de fala francesa é especialmente proeminente nessas relações.
Até a década de 1990 o Canadá sequer fazia parte da Organização dos Estados Americanos. Quem levou o país para a instituição foi um de seus secretários-gerais, o embaixador brasileiro Baena Soares. Numa palestra, pediram-lhe três motivos para o país se juntar à entidade: “Primeira razão: o Canadá é um país das Américas. Segunda razão: a OEA é a organização regional deste hemisfério. Terceira razão: não é necessária.”
De lá para cá, o Canadá assinou acordos comerciais importantes com países da América Latina, como o Nafta. Sua chefe de Estado atual é do continente: a governadora-geral Michäelle Jean, nascida no Haiti. Ela esteve no Brasil em julho (na foto, cumprimenta o presidente Lula) e impressionou favoravelmente as pessoas com quem se reuniu, por sua dedicação e interesse aos temas latino-americanos. Em seus discursos, menciona com muita freqüência os jovens brasileiros e as ações do Centro para a Pesquisa e o Desenvolvimento Internacional, vinculado ao parlamento canadense – o Centro financia a pesquisa sobre juventude na América do Sul, na qual trabalho.
O congresso da LASA tradicionalmente ocorria nos Estados Unidos, país no qual estão localizadas a maioria das instituições que se dedicam a estudar a América Latina. Neste ano, será em Montréal por conta dos inúmeros problemas para entrar nos EUA. O Canadá também exige visto, mas o processo foi rápido: apresentei os documentos que me pediram e em uma semana estava tudo pronto.
Ao saber da minha viagem, muitos amigos têm me perguntado se penso em emigrar para o Canadá. Isso porque o governo do país – em particular o da província de Québec – lançou um programa especial para os cidadãos brasileiros. Eles realmente estão de olho em nós. A ministra das relações internacionais do Québec (sim, a província tem sua própria diplomacia!) está em visita ao Brasil e assinou acordos de cooperação com a CAPES, além de ter aberto um escritório de representação econômica em São Paulo.
As oportunidades estão aí. Vamos ver se minhas impressões de Montréal confirmam as boas expectativas!
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4 comentários:
Boa sorte nas terras canadienses!
As províncias argentinas têm a faculdade de firmar acordos internacionáis de comércio, etc. Créu que Santa Fe fez um tratado muito importante com a China umos anos atras. Os estados brasileiros näo podem fazer isso?
Saludos
Este Congresso tem potencial de ser efetivamente bem interessante. Boa sorte por lá, mestre.
Agora, essa história de o senhor se mudar pro Canadá...não sei não, viu...espera eu passar primeiro!
Hahahahahahahahaha
Abração
Salve, Patricio.
Nao sou um grande conhecedor de direito constitucional, mas pelo que sei cabe a Uniao a prerrogativa de assinar tratados internacionais, embora muitos estados e cidades estejam criando departamentos especificos para negociar convenios com paises e organizacoes multilaterais.
Meu caro Igor,
hoje o caixa do banco tentou me convencer a imigrar para ca. A campanha dos caras eh forte.
Abracos
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