quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Um Bom Ano
“E assim, se passaram doze meses...” Parece letra de tango, e de repente pode ser, porque faz exatamente um ano que abri a janela da foto acima, em meus primeiros momentos em Buenos Aires. Mais do que viagem de estudos, foi uma experiência de felicidade prolongada. Os leitores mais antigos devem tê-la acompanhado pelos Conspiradores.
Tudo começou em 2004, quando saí de uma sessão de Memórias del Saqueo num cinema de Buenos Aires e disse a mim mesmo: Quero entender este país. O projeto de passar uma temporada na Argentina foi muito bem recebido pelos meus professores no IUPERJ, mas nem tanto pelos colegas. Chegaram a perguntar se eu havia brigado com a direção do instituto, pois achavam que essa era a única razão pela qual eu faria o trabalho de campo na América Latina, e não na Europa ou nos Estados Unidos.
O que aprendi na temporada argentina?
Primeiro, a pesquisa foi fundamental para a tese. Revi várias hipóteses, fiz entrevistas com líderes políticos e diplomáticos, li estudos e pesquisas que não estão disponíveis no Brasil.
Segundo, a experiência impactou diretamente nas minhas aulas. Refiz programas, incluí autores, chamei a atenção dos estudantes para debates que correm no mundo hispânico.
Terceiro – e mais importante no longo prazo – foi um distanciamento bem-vindo da perspectiva brasileira e abertura para outros horizontes. A gente precisa dar um passo para trás se quiser pensar (e criticar) o próprio país.
Este foi sem dúvida meu ano mais latino-americano. Além da temporada argentina, com seus desobramentos em Buenos Aires, Mendoza e Paragônia, estive no Uruguai, na Bolívia, no Paraguai e ainda fui ao congresso sobre o continente no Canadá. A maior parte dessas iniciativas se deu por conta da pesquisa sobre juventude na América do Sul, que entrou em sua fase finalíssima – e dificilmente eu teria sido lotado nessa maravilha se não fosse pela experiência na Argentina.
O projeto é espetacular e me deu a chance de entrar em contato com uma realidade que me é totalmente estranha, de conversar com os músicos de hip hop nas favelas bolivianas ou chupar tangerina com os camponeses paraguaios em seus vilarejos. Para além das distâncias sociais, culturais e geográficas, há uma humanidade comum que trascende todas as diferenças e marca de maneira muito forte quem a experimentou.
Planos?
Muitos, muitos mesmo.
Comecei a escrever o último capítulo da tese de doutorado. Acredito que termino o texto neste mês e já conversei com meu orientador sobre realizar a defesa em março de 2008.
Planejo meu horário e resolvi cortar parte das minhas turmas no cursinho. Quero mais tempo livre, uma rotina menos corrida.
Com certeza quero passar por outras experiências internacionais e me dedicar a temas de políticas públicas e desenvolvimento. Além do trabalho na área de cooperação, acredito que isso virá através de um pós-doutorado e tenho visto programas excelentes. Além dos que descobri no Canadá, Oxford e Princeton lançaram um programa conjunto para a formação de Líderes Globais. De dar água na boca.
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5 comentários:
Grandes vôos para um professor-águia. Fico feliz. Bem feliz.
Maurício, descobri seu blog por acaso e venho acompanhando seus detalhados escritos há um certo tempo. Agradeço pela diversidade de temas, que estão sempre sob um viés político-cultural. Meus votos para que tua vida acadêmica alce largo vôo. Até.
Igor, meu caro.
Esse negócio de águia costuma terminar em invasão de países do Oriente Médio, mas torço para que meu caminho seja outro...
Salve, Ícaro,
Obrigado pelos votos de boa sorte, e seja sempre bem-vindo aqui no blog.
Abraços
Parabéns pelo teu belo trabalho.
Obrigado!
Abraços!
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