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Hoje é meu último dia em Brasília. Retorno à noite para o Rio de Janeiro, para trabalhar para o governo fluminense. Serei membro da primeira turma da carreira estadual de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, a mesma da qual faço parte na esfera federal. A idéia é justamente levar um pouco da experiência da Corte para ajudar na reforma do funcionalismo no Rio.
Minha estadia de um ano em Brasília foi mais curta do que eu planejava. O resumo da ópera é que adorei a experiência de trabalho por aqui, mas perdi muito em termos de qualidade de vida, em comparação com o que tenho nas terras cariocas. A capital é riquíssima em oportunidades profissionais, mas sinto falta da diversidade social e das atrações culturais do Rio, para não mencionar família e amigos. O trabalho é importante, mas para a vida ser realmente boa é preciso equilibrar melhor os vários elementos que a compõem.
Aprendi muito trabalhando como assessor do Secretário de Comércio Exterior, e no convívio com a excelente equipe de amigos que forma o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Os colegas no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão também me ensinaram bastante, em particular no curso de formação na Escola Nacional de Administração Pública e no estágio sobre finanças do Estado. Foram muitos projetos interessantes com negociações na América Latina, atração de investimentos, os novos papéis das multinacionais brasileiras, a necessidade de maior coordenação governamental na área de comércio exterior etc.
A volta para o Rio de Janeiro traz uma série de desafios. Contribuir na reforma do estado, nas discussões sobre como investir os royalties do pré-sal, a construção do complexo petroquímico da Petrobras, a instalação do trem-bala, a chance de sediar as Olimpíadas de 2016 e os preparatios para a Copa de 2014. Além disso, a inédita e bem-vinda cooperação entre os governos federal, estadual e municipal abriu parcerias que vão da reurbanização da zona portuária aos projetos de infraestrutura e segurança nas favelas. Os problemas são imensos, mas pela primeira vez em muitos anos há soluções no horizonte.
A dinâmica da minha vida no Rio vai me permitir retomar a vida acadêmica, que andou um tanto parada em Brasília. Volarei a lecionar na Fundação Getúlio Vargas e na Universidade Candido Mendes, e negocio colaborações com outras instituições.
Sentirei falta dos amigos de Brasília, das discussões acaloradas sobre política e dos bons momentos que tive por aqui. Mas meu sonho feliz de cidade é mesmo o Rio de Janeiro, com as multidões na rua, o caos delicioso do centro, os passeios de fim de semana na praia e na Lagoa e a riquíssima vida comunitária do meu bairro de Santa Teresa.
São mil quilômetros de distância, mas apenas 1h30 de avião. A todos os bons amigos que fiz na Corte: gostaria de ter convivido mais com vocês, pessoas maravilhosas. Fica o abraço fraterno e o desejo de que continuemos a nos rever pela ponte aérea. Aos amigos do Rio de Janeiro, tirem a cerveja da geladeira e vamos retomar nossos trabalhos, que ainda chego a tempo de curtir o finalzinho do Festival de Cinema.