domingo, 19 de agosto de 2007
Letra e Música
"A melodia é a atração física, a letra é a intimidade, à medida que o casal vai se conhecendo". O roteirista e diretor Marc Lawrence é americano, mas "Letra e Música" tem o charme das comédias românticas britâncias da produtora Working Title. Em grande parte pelos diálogos espertos, mas também pela presença do ator Hugh Grant, que está excelente como Alex, um músico que fez muito sucesso nos anos 80 com as baladas-chiclete da banda PoP, mas que caiu no ostracismo quando o vocalista largou o conjunto e voou numa bem-sucedida carreira solo.
Alex vive de animar festas de reunião do ensino médio ou tocar em "noites dos anos 80". Sua chance de um retorno triunfal ao showbusiness aparece quando a estrela do momento, a cantora Cora, lhe encomenda uma canção, mas que precisa ficar pronta em apenas alguns dias. Alex descobre que a moça que cuida suas plantas, Sophie (Drew Barrymore) é na verdade uma poeta de mão cheia e a convida para ser sua parceira. Claro que eles se apaixonam, mas os clichês são temperados por bom humor e inteligência.
O mais divertido do filme é a gozação com os anos 80, com direito a um clipe hilariante da banda PoP, com câmara lenta, cortes de cabelo da época (meu Deus, as pessoas realmente usavam coisas assim!) e atuações inesquecíveis, para usar um adjetivo ambíguo. Mas a ironia é amorosa, reconhece o quanto essa cultura pop é importante na vida das pessoas, ainda que nos estimule a não levá-la tão a sério. Não à toa, o "vilão" do filme é o escritor pretencioso que esnoba o universo das canções e dos músicos.
Embora a trama romântica não seja tão boa como em "Simplesmente Amor" ou "Um Grande Garoto", para ficar em sucessos anteriores de Grant, ainda assim há boas seqüências, de uma leveza muito simpática, como os shows meio mambembes que seu personagem faz para sobreviver, ou o jantar na casa da irmã de Sophie. O epílogo é sensacional, narrado na forma dos balõezinhos dos programas de clipe e as músicas do filme são bem legais, funcionam melhor do que muita balada por aí.
Aliás, vale elogiar a disposição de Hugh Grant para rir de si mesmo e topar um papel do sujeito que já está envelhecendo. "Mas o público ainda sente seu calor!", diz seu agente, ao que ele responde: "Sim, mas é porque muitas das mulheres da platéia já entraram na menopausa".
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2 comentários:
O filme vale pelo clipe de Pop! Goes My Heart. O resto é bônus. :)
Eu ria tanto vendo o clipe que quase caí do sofá! Minha cena favorita é a banda invadindo o hospital.
Beijos
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