segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A Serviço da República


"Queríamos treinar profissionais que fossem céticos, mas não cínicos: isto é, sempre questionando a sabedoria convencional, mas sem a atitude derrotista que diz que nada funciona e que a ação pública não consegue alcançar seus objetivos." (Dani Rodrik)


Há poucos dias foi divulgado o resultado final do concurso para Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, e fui um dos aprovados. Daqui a algumas semanas me mudarei para Brasília e iniciarei o curso de formação da carreira, na Escola Nacional de Administração Pública.

Há cerca de dois ou três anos eu pensava seriamente em ingressar no serviço federal, para obter experiência prática com temas ligados às políticas públicas. No entanto, tinha decidido priorizar a formação acadêmica e só prestar concurso após concluir o doutorado. Por coincidência, a seleção foi marcada justamente para uma semana depois da minha defesa de tese.

Fiz provas de direito administrativo e constitucional, economia, ciência política, políticas públicas, gestão governamental, administração, idiomas (português e inglês) e raciocínio lógico-quantitativo. Tive muitas dificuldades na preparação e não acreditava que fosse passar. Meu plano era usar o concurso para ganhar experiência, e depois tentar outras oportunidades, como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. De fato, fui apenas razoável na múltipla escolha, embora excelente na discursiva.

Minha nova carreira existe há 20 anos, ainda que só tenha se consolidado a partir de 1995. Sua história é narrada assim no site de sua Associação:

A idéia de constituir um quadro de profissionais com perfil generalista e alta qualificação para a Administração Federal surgiu a partir de um estudo realizado pelo Embaixador Sérgio Paulo Rouanet (...) Para tanto, recomendava a criação de uma instituição encarregada da formação de quadros dirigentes no Brasil, e a constituição de uma carreira para os seus egressos, a fim de que se viabilizasse a sua absorção pela máquina administrativa, à semelhança dos "grands corps" franceses, mas sem sua heterogeneidade. Essa carreira teria atribuições generalistas (à semelhança dos administradores civis da França), a garantia legal do exercício de atribuições de direção e assessoramento e inserção em todos os ministérios.

Vem aí grandes mudanças na minha vida. Passei os últimos cinco anos como pesquisador numa organização não-governamental, lidando com cooperação internacional, direitos humanos e políticas públicas, enquanto cursava o doutorado em ciência política e lecionava em duas universidades. Antes disso, trabalhei como jornalista em editora, site e jornais. De quando em quando gosto de trocar os chápeus e assumir uma nova identidade. Neste caso, ainda haverá a ida para Brasília, a terceira cidade na qual viverei, depois do Rio de Janeiro e Buenos Aires.

As reações dos meus amigos e colegas de trabalho têm sido bastante diversificadas. Em geral positivas, mas houve vários que se queixaram por eu deixar o Rio e outros, sobretudo acadêmicos, verdadeiramente enfurecidos com minha decisão de me tornar funcionário público. Meus amigos tecnocratas são os mais entusiasmados e curiosamente os que mais destacam a importância pública do trabalho – a tendência dos colegas na iniciativa privada é ressaltar os beneficios da burocracia federal, como salários, estabilidade, aposentadoria especial etc.

Como será trabalhar para a República? Em que ministério serei lotado? Quais funções assumirei?

Aguardem os próximos capítulos.

18 comentários:

Anônimo disse...

Virou rotina vir aqui parabenizá-los pelas conquistas que o seu talento vem amealhando.

Nesse ritmo, logo você chega a ministro. Abração.

luizgusmao disse...

meus parabéns, maurício! trabalhei na assessoria de cooperação internacional da enap e pude conhecer o pessoa lq organiza o curso de formação de gestores. os quartos para os residentes são bastante razoáveis e a carreira de gestor é mto boa. bem mais interessante q a diplomacia. pelo menos é oq eu e alguns de meus amigos gestores achamos...

sou suspeito para falar d bsb [q amo d coração], mas é uma boa cidade: bem mais limpa, segura, silenciosa q o rio. mais uma vez: parabéns! e boa sorte por lá!

Alessandro Ferreira disse...

Graaande Maumau!! Parabéns, caro!

Mais um amigo se bandeia para a capitar... se todos aderirem, acho que já posso fundar uma comunidade alternativa no Planalto Central.

Agora marquemos o chope comemorativo!

Abs.

Maurício Santoro disse...

Salve, meus caros.

Obrigado, vem aí muitas mudanças pela frente.

Luiz, estive na ENAP por conta de eventos da sociedade civil e gostei do lugar. Vejamos agora como é estudar por lá... De fato, acho que as perspectivas da carreira de gestor são ótimas, é pena que ela seja tão pouco conhecida, inclusive no Iuperj!

Abraços

JSR disse...

Se quando você chegar meu apartamento já estiver pronto (depois explico) pode ficar por lá o quanto precisar.

Parabéns e te espero em BSB!

Abraços!

Anônimo disse...

Meus parabéns e seja bem-vindo a Brasília, a cidade "where the streets have no name"...

Marco Vieira disse...

Tudo de bom na nova carreira, meu caro Maurício. Espero poder
encontrá-lo em breve na capital.

Grande abraço,

Marco

os4grandes disse...

parabéns,camarada. abração!!

os4grandes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rodrigo Cerqueira disse...

Maurício,

parabéns pela aprovação e torço sinceramente para que você (e outros tantos com qualidade semelhante) possam trabalhar em prol da República. O serviço público precisa do seu brilhantismo, embora, ceticamente e não cinicamente, tenho dúvidas se há espaço para ele. É a velha luta do agente contra a estrutura e vice-versa. Boa sorte e conte comigo se precisar de alguma coisa.

Por fim, acredite, sair do Rio é muito mais fácil do que parece.

Abraço.

Maurício Santoro disse...

Salve, meus caros.

Obrigado, a verdade é que estou contente em sair do Rio e conhecer outros horizontes.

Júlio, depois você me conta essa história... Aliás, onde foi que você alugou o apartamento?

Abraços

Sergio Leo disse...

Vamos ver se, agora, finalmente nos encontramos, seu gestor. Avise quando passar por aqui! Parabéns!

Anônimo disse...

OI Maurício!
Bem, primeiramente parabéns pela conquista, acredito que seja algo realmente novo e inesperado, dentre as tantas áreas e atividades pelas quais passou e desenvolveu.
Não acho que eu tenha envergadura moral para concordar ou discordar da sua opção em mudar-se para Brasília e assumir este novo posto de funcionário público. Mas ainda assim, posso dizer que lamento sua ida pois acredito que agora ficará um pouco mais difícil tirar minhas dúvidas acadêmicas e conselhos sobre este ou aquele caminho melhor a buscar.
De qualquer forma, que esta seja MAIS uma nova etapa de sucesso pra vc Maurício.
E por favor, nos mantenha atualizados com os ótimos comentários e pensamentos de "Todos os Fogos".
Um abraço

Carla Araújo

Maurício Santoro disse...

Salve, Sérgio.

Pois é, agora falta pouco, imagino que mais alguma semanas.

Carla, não se preocupe, há muita gente boa na comunidade acadêmica carioca, você estará bem servida por aqui.

Abraços

Patricio Iglesias disse...

Caro Maurício:
Parabéns! Mas, por qué tanta humildade?
"Tive muitas dificuldades na preparação e não acreditava que fosse passar"
Acredito que só você "näo acreditava que fosse passar". Por favor, pregunte a qualquer de nós e acredito que acreditariamos que você passaria (muito acreditar, vejo jajaja).
Saludos!

Maurício Santoro disse...

Dom Patricio,

Humildade, nada. Foi mesmo muito difícil, compañero. Envolveu desde matemática, matéria em que sou péssimo, até as novas fórmulas para definir as contas nacionais brasileiras.

Abraços

Anônimo disse...

Bem, como leitora assídua do seu blog, não poderia deixar de dar os parabéns novamente!! Que sua carreira seja brilhante, como tem sido até agora! Como vc disse antes ‘conhecer outros horizontes’ é sempre bom!! Moro no Rio tem quase 4 anos e já não vejo à hora de ir para outra cidade!rsrs... Ah!... acho que terei que mandar o livro para capital federal né! rsrs
Tudo de bom!

Bjos!

Maurício Santoro disse...

Obrigado, Isabella. Sem dúvida, renovar os horizontes sempre ajuda!

Beijos