terça-feira, 7 de outubro de 2008

Todo Mundo em Pânico


Deixa eu ver se entendi.

Os Estados Unidos aprovaram um gigantesco pacote de ajuda ao sistema financeiro. A União Européia não conseguiu articular uma resposta conjunta à crise, e seus bancos e investidores sentiram o baque. As principais economias da região – Alemanha, Reino Unido, França – já estão em recessão.

O pânico se espalhou para os mercados emergentes e as bolsas da Rússia, Brasil e Indonésia despencaram. Os preços de commodities muito importantes para as exportações desses países caíram bastante – petróleo, soja, milho, trigo.

Diante da instabilidade e do medo, os investidores retiram seu dinheiro das bolsas e rumam para opções mais seguras: dólar, ouro, títulos da dívida pública.



A economia brasileira vem crescendo a boas taxas, impulsionada pela expansão do crédito – alguém aí comprou automóvel financiado em 50 meses? Com a crise, os empréstimos internacionais ficam mais escassos e caros. Não chega a ser um grande problema para o Brasil, porque o crédito externo anda pelos 10%. O governo reage diminuindo o depósito compulsório que os bancos comerciais precisam deixar no BC, e medida libera algo na faixa de R$15 bilhões para a economia.

No fim da semana ocorrerá em Washington um encontro das instituições de Bretton Woods, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Ninguém acredita que elas possam oferecer alternativas à crise, devido aos seus parcos recursos diante da dimensão do mercado financeiro atual. Por exemplo, o maior empréstimo que o FMI já concedeu foi de cerca de US$40 bilhões. O diretor do Fundo chora suas mágoas e diz que ninguém lembra dele nesse momento difícil.

E agora, quem poderá nos defender?

Primeiro, a União Européia precisa coordenar suas respostas. Não adianta a Alemanha fazer uma coisa, a Islândia outra, a Espanha uma terceira.

Segundo, é hora de reconhecer que é necessário ampliar o clube de quem manda. Chamem China e Índia, já! Suas gigantescas reservas cambiais têm sido fundamentais para manter o valor do dólar e a demanda de seus mercados será essencial para puxar a recuperação desta crise.

4 comentários:

Leandro Bulkool disse...

Tá! E a gente, quando podemos comprar ações? Quando chegara no último dia de queima de estoque e vai começar a subir novamente?

Quando a gente descobrir isto, ficaremos todos ricos. rs

Janaina Amado disse...

Mauricio,
Cheguei aqui do blog do Idelber, tenho gostado muito dos seus textos e raciocínios. Queria lhe fazer uma pergunta, de leiga, mas que não vi jornalista econômico nem economista ainda me responder satisfatoriamente: se a economia dos EUA está tão em crise, por que o dólar está aumentando de valor aqui e em outros países?

Maurício Santoro disse...

Caro Leandro,

se você quiser comprar boas ações baratinhas, neste momento te recomendo a de empresas que estão bem estabelecidas no mercado (ou seja, não precisam de investimentos/crédito) e vendem produtos de amplo consumo. Souza Cruz e AmBev são boas opções.

Fuja daquelas que dependem de componentes importados, como as firmas de informática. As ações da Positivo, por exemplo, caíram 90% ao longo deste ano!

Cara Janaina,

Seja bem-vinda. O dólar está aumentando de valor porque, por irônico que seja, é um porto seguro em meio à crise. A solidez da moeda é garantida pelas imensas reservas de títulos da dívida pública americana comprados pelos bancos centrais das nações asiáticas, sobretudo China.

Também há um surto de valorização do dólar na medida em que os investidores se desafazem de seus ativos em mercados estrangeiros e transferem o dinheiro para outras aplicações.

Abraços

Patricio Iglesias disse...

Caro Maurício:
Boa explicaçäo, é bem irónico mas é assim. O fenómeno acontece com todas as fontes estáveis, como o ouro. Näo compreendo por qué näo acontece o mesmo com os francos suizos, que sempre säo demandados nos momentos de crise: http://es.exchange-rates.org/history/CHF/EUR/G/30
Saludos!

Patricio Iglesias